Veja o que deve constar em um acordo de paz

Publicado em 27/03/2022 às 20:03

Compartilhe

guerra-no-fim

Após reuniões da última semana,  Rússia e Ucrânia admitiram enxergar chances de selar um acordo de paz para cessar o conflito . As negociações, porém, caminham a passos lentos e as conversas terminaram sem grandes avanços . A guerra no território ucraniano, iniciada em 24 de fevereiro , já entra no segundo mês e acumula grande número de mortos e feridos, além de mais de 3,67 milhões de refugiados , conforme os últimos dados divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU) nesta semana.

As decisões perante os temas discutidos entre as nações gerariam impactos significativos para outros países, não só para Rússia e Ucrânia, como é o caso de uma possível integração do território ucraniano à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) — um dos pontos que levou o presidente da Rússia, Vladimir Putin, a autorizar o que chamou de “operação militar especial” na Ucrânia. 

“Em uma situação hipotética, de que a Ucrânia se candidatasse para entrar na Otan e todos os membros aceitassem a candidatura, o território ucraniano passaria a servir de trânsito livre para forças militares dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha, da França, da Alemanha, Itália, Espanha, Turquia… De todos os membros da Otan”, explica Tito Lívio Barcellos, mestre em ciência política e relações internacionais pela UFF (Universidade Federal Fluminense).

De acordo com Tito, esse movimento criaria um “clima de insegurança” para os russos, um dos motivos pelos quais Putin, insiste que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, exclua a ideia da carta constitucional do país. “Existe uma política dentro da Otan chamada NATO Sharing [ou compartilhamento nuclear], que permite que parte do arsenal nuclear dos Estados Unidos possa ficar abrigado em bases da Otan e ser utilizado em caso de guerra”, afirma. “Agora, imagine bases americanas, francesas, britânicas e mísseis sendo baseados em território ucraniano, a menos de 800 km de Moscou, a capital da Rússia. É um desequilíbrio estratégico muito grande.”

O presidente russo, segundo o especialista, quer desenhar uma espécie de “linha vermelha” no continente europeu, traçando o que para ele seria a área de influência geopolítica da Rússia da região euro americana. “Colocar a Ucrânia na Otan, ou qualquer país da ex-União Soviética na Aliança, seria visto como uma humilhação para a Rússia, porque colocaria os territórios da parte europeia — que seria a fração russa mais populosa, urbanizada e industrializada — exposta a um rival geopolítico, uma potência que pode assumir atitudes hostis”, acrescenta.

“É preciso condenar a guerra, mas existe coerência nas demandas do Putin”, diz o geógrafo.

Desde o início do ataque russo, os países da Otan têm se limitado a enviar meios militares para ajudar a Ucrânia, não enviando tropas ou fechando o espaço aéreo, como foi pedido diversas vezes por Zelensky . De acordo com a Aliança, uma maior interferência levaria a uma guerra europeia mais ampla e brutal.

Embora essa tenha sido uma das maiores exigências de Putin desde o início do conflito , Tito pontua que, hoje, não é mais visto como o principal obstáculo para um acordo entre os países.

“Acredito que, agora, haja uma abertura do Zelensky em negociar essa questão, já que ele vê que a Otan não está disposta a aceitá-los tão cedo”, explica. “O principal problema é a Ucrânia reconhecer que a Crimeia agora faz parte da Rússia, além de reconhecer as duas repúblicas autoproclamadas [Donetsk e Luhansk] como estados independentes. Dessa forma, o país estaria perdendo três províncias de uma só vez”, avalia.

Antes da invasão russa à Ucrânia, Putin declarou o reconhecimento dos territórios de Donetsk e Luhansk, na região de Donbass , onde separatistas pró-Moscou controlam boa parte do território desde 2014. A decisão fez com que a então crise atingisse outro patamar e a tensão de uma possível guerra se agravasse.

Além dos fatores já mencionados, a neutralidade e a desmilitarização da Ucrânia também são discutidas e devem constar em um acordo de paz. Após as últimas reuniões, a Rússia se mostrou disposta a aceitar que o país de Zelensky adote um modelo comparável ao da Áustria e da Suécia . A Ucrânia manteria as Forças Armadas, mas apenas para se defender de possíveis agressões, já que se declararia neutra em conflitos futuros e se comprometeria a não se unir a nenhuma aliança militar ou sediar bases militares estrangeiras.

Outra condição russa sobre a Ucrânia que também deve constar em um acordo é a “desnazificação”, em geral entendida como uma mudança de regime, substituindo o atual governo por marionetes de Moscou.

Ainda não se sabe se as sanções aplicadas contra a Rússia também fazem parte das discussões e entrariam em um acordo para cessar a guerra.

Mas o fim do conflito está realmente próximo?

Como resposta à investida russa, União Europeia, Estados Unidos, Reino Unido e outros países anunciaram um conjunto de sanções contra Putin , que envolvem desde a exclusão de bancos da Rússia do sistema de transferências financeiras internacionais, o Swift , até a interrupção da exportação de produtos e a restrição da mídia estatal russa de mecanismos de busca.

Fonte: Portal iG

Veja também

ELEICOES3

ESPECIAL ELEIÇÕES 2024: “Prefeitura não é lugar de estagiários”, diz Lidiney Gobbi sobre o comando de Marechal Floriano

saude-19-04-ft-pmdm

Vídeos em língua pomerana reforçam combate ao mosquito aedes aegypti em Domingos Martins

geral-19-04-ft-Valter-Campanato

Rodovias federais terão pontos de descanso para motoristas

GATRONOMIA-1

Receita de Caldo de pinto

saude-19-04-ft-div-ministerio-da-saude

Anvisa discute nesta sexta-feira a regulamentação do cigarro eletrônico

agro-19-04-freepik-2

Inscrições abertas para o Simpósio Rede Inova Café

geral-19-04-freepik-tempo

Frente fria chega ao Espírito Santo com chuva e ventania em algumas regiões

politica-19-04-Foto-Lula-Marques

Comissão do Senado aprova aumento de salários de juízes e promotores