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Coluna Pomerana

A força da água como propulsora do desenvolvimento

Publicado em 09/11/2021 às 10:08

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Para se ter uma idéia, em 1879, na colônia Blumenau (que incluía Rio do Testo – Pomerode), já existiam 149 usinas de açúcar e 138 moinhos de mandioca, 28 serrarias à água e mais 22 moinhos para outras finalidades. Isso, no universo de uma população de apenas 14.000 habitantes.

Em uma passagem do diário de August Müller (irmão do famoso Fritz Müller), seu autor destaca uma das maiores enchentes ocorrida na região, em 26 de setembro de 1880: Notícias do Rio do Texto: “o moinho de Fritz Karsten foi levado pelas águas; os animais do capataz Hoffmann morreram afogadas; 18 pessoas morreram afogadas, entre elas da família “Grützfeld”, composta por 06 pessoas no Vale do Selke soterradas dentro de casa por desabamento de terra”.

As enchentes faziam e fazem parte do cotidiano do Vale do Itajaí e, o moinho sempre esteve presente neste cenário de um vale com muitos riachos e rios, que potencializavam o desenvolvimento da região. Em inúmeras propriedades, gradativamente foram sendo instalados moinhos hidráulicos. Com isto, esses estavam presentes em praticamente todas as localidades da região de Pomerode. Em uma entrevista realizada com o pomerodense Heinz Ramlow , no dia 19 de junho de 2021, a equipe do Pomeranos no Vale Europeu obteve detalhes dos tempos em que muita coisa “girava ao redor do moinho” e quão importante esse engenho era para o desenvolvimento da região.

Heinz Ramlow nasceu em 22 de setembro de 1930, sendo filho de Else Weege Ramlow e Albert Ramlow. Seus avós paternos Albert Paul Ramlow e Emília Mallon Ramlow e avós maternos Hedwig Konell Weege e Hermann Weege, compõem sua genealogia.

Casou em 1958 com Edith Stroisch (in memoriam). Ramlow Prestou serviço militar em 1949 na Primeira Companhia de Polícia do Exército do Rio de Janeiro e foi músico na Banda “Lorival e seu Conjunto”, formada em 1974. Heinz também doou o terreno onde foi construída a escola Presidente Prudente de Morais. Essa breve biografia sobre Ramlow é importante para termos =pdimensão sobre o contexto que vivia e a relevância de sua percepção daquela época.

Na antiga colônia (Kolonie) dos Ramlow, muitos anos antes da Empresa Malwee ocupar o local, ocorriam corridas de cavalo e que alegravam os pomerodenses de outrora.

Heinz Ramlow enfatiza que, naqueles tempos existiam muitas serrarias em Pomerode. Cita como exemplo as de Waldemar Selke, Albert Ramlow, Adolf Achterberg, Wilhelm Rahn, Leopold Bläse, Karl Nienow, Fritz Weege, e tantas outras. A abundância da madeira no vale também estimulava a instalação dessa grande quantidade de serrarias. Ramlow, durante a entrevista, relata: “… em 1893 foi construída a nossa serraria junto ao Rio Testo Alto pelo meu avô, Albert Paul Ramlow, idealizador dessa represa e serraria. Em 1893 também nasceu o meu pai, que também passou a ser chamado Albert. Ele depois herdou tudo, a serraria e o gerador de energia elétrica. Após meu avô, o meu pai administrou as atividades da família.

A usina de eletricidade com gerador foi construída mais tarde e foi finalizada em 1916. Na época, com este gerador de energia, cinco casas já tinham energia elétrica fornecida por nós. às vezes a energia era fraca, mas tínhamos luz. Os domicílios que abastecíamos com energia elétrica eram os de Hermann Gustmann, Arnold Fischer casado com Irma Rauh (onde atualmente é o Pommernheim), Ernst Blank, a venda (Geschäft) dos Haut e também a filial dos Weege. Todos estes domicílios tinham energia produzida e fornecida por nós. Depois chegou a “EMPRESUL” – Empresa Sul Brasileira de Eletricidade S/A.

E aí tivemos que encerrar a nossa atividade de produção de energia. Ou então registrar firma e pagar impostos. Todos sabem como isso funciona! A dona Margareth Haut, ainda hoje em dia, tem sob os seus cuidados, o contrato todo em língua alemão, de fornecimento de energia dos Ramlow para os Haut.

E juntamente com a serraria e a produção de energia elétrica a agricultura também fazia parte de nossas atividades. Na época a gente tinha ainda quatorze vacas de leite, seis cavalos e duas levas de bois. Tudo isso dava muito trabalho. Não era fácil. E depois que o Opa veio a falecer, finalizamos a nossa atividade leiteira para nos dedicarmos apenas a serraria. Na serraria meu pai cortava tábuas durante o dia e meus dois irmãos, Udo e Hubert, cortavam tábuas a noite, pois a energia elétrica na serraria nos possibilitava trabalhar assim”, finaliza Heinz Ramlow.

Em todas as localidades de Pomerode havia moinhos impulsionando o desenvolvimento das comunidades, como em Ribeirão Souto, Texto Rega, TextoCentral Alto, região central do município e muitas outras localidades. Na região de Ribeirão Souto, por exemplo, ainda na memória de algumas pessoas estão os moinhos da família Gustmann, Just, Pfützenreiter e Schütz, como também, o moinho da família Achterberg na localidade de Testo Alto e o moinho da família Volkmann depois adquirido pela família Reinke em Testo Central Alto. Foram muitas famílias, muitos moinhos, muito desenvolvimento e um legado inestimável na prosperidade do nosso Vale.

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