Quer voltar a ir a parques e restaurantes? Empresas estão otimistas na retomada

Publicado em 05/10/2021 às 13:50

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Hopi Hari está de portas abertas para receber visitantes após parada provocada pela pandemia
Divulgação

Hopi Hari está de portas abertas para receber visitantes após parada provocada pela pandemia

A pandemia atingiu em cheio a economia brasileira e global ao longo de 2020 e 2021. Para os setores que tiveram a possibilidade de se adaptar para o trabalho remoto, em alguns casos, essa queda foi menos acentuada, mas bares, restaurantes e parques, por exemplo, que não tiveram essa opção, sofreram mais com a necessidade de distanciamento social. Com a suspensão de atividades presenciais por meses para conter a pandemia, 716.000 empresas fecharam as portas no Brasil, segundo a Pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas Empresas, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em julho deste ano.

De acordo com balanço divulgado pelo governo federal — em evento realizado pelos 1.000 dias de gestão, no dia 27 de setembro —, 517 mil empresas já foram atendidas pelo Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) , criado em função da crise de saúde pública. De alguma maneira, todos precisaram se adaptar à nova realidade.

Nos últimos meses, com o avanço da vacinação no Brasil e a diminuição de internações e mortes por causa da Covid-19 , a retomada gradual se iniciou com protocolos de distanciamento social, redução da ocupação e obrigatoriedade do uso de máscaras. Hoje, com mais de 40% da população adulta brasileira totalmente imunizada — isto é, com duas doses ou dose única da vacina aplicadas — e com os números de casos e mortes em queda, muitos estabelecimentos já podem voltar a ter 100% de ocupação, desde que respeitem as normas de segurança indicadas pelos governos estaduais e municipais. A grande concentração de pessoas, no entanto, ainda não é recomendada.

Pensando nisso, o Hopi Hari, um dos maiores parques de diversão da América Latina, localizado no município de Vinhedo, interior de São Paulo, optou por limitar sua capacidade a 60%, de modo a oferecer uma melhor experiência e garantir os protocolos de saúde. A ideia é evitar aglomerações e reduzir as filas, que são comuns em qualquer parque de diversão. Alguns restaurantes também seguem optando por deixar mesas vazias, mesmo que já possam ter “casa cheia”, garantindo o distanciamento entre os visitantes.

“O Hopi Hari tem capacidade para 26 mil pessoas. A gente entende que, com todo esse público, mesmo com a maioria vacinada, é importante que nos preocupemos com distanciamento e os demais protocolos que a pandemia ainda exige. Por isso, em respeito ao visitante, optamos por abrir o parque para, no máximo, 60% de sua capacidade — o que corresponde a cerca de 15 mil pessoas”, diz o presidente do parque, Alexandre Rodrigues.

“Hoje temos três horas, no máximo três horas e meia de fila, nas principais atrações — e não passa disso, o que é normal para um parque com bom público”, explica. Alexandre acrescenta, ainda, que o Hopi Hari agora tem um novo sistema de higienização dos brinquedos, que garante filas mais rápidas e menor intervalo entre os usos.

Desde a parada provocada pela pandemia, a retomada, segundo o presidente do “País Mais Divertido do Mundo”, tem sido um sucesso no parque, que hoje recebe em média de 13 a 14 mil pessoas por dia. Alexandre diz também que, à medida que a vacinação avança, aumenta também a procura por entretenimento. “Com as pessoas se sentindo mais confortáveis, por causa da vacinação, a expectativa é que o público venha cada vez mais. A imunização está intimamente ligada ao desejo das pessoas procurarem diversão fora de casa.” No Estado de São Paulo, onde fica o parque, mais de 70% da população adulta já está imunizada contra a Covid-19, segundo o governo estadual.

Paulo Solmucci, presidente-executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), vai na mesma linha e diz que “a reabertura com a vacinação progredindo em todo o país tem sido um fator muito importante para a retomada da confiança do consumidor” e cita que, no caso dos bares e restaurantes, já sem restrições na maior parte dos estados brasileiros, a expectativa no segundo semestre é de crescimento em relação a 2019. Ele lembra que, ainda que a Covid-19 tenha perdido força, seguimos em pandemia e os cuidados não podem ser esquecidos.

“Em toda a pandemia, mesmo nos momentos mais graves, não houve nenhum surto grande, generalizado, em um estabelecimento [no segmento de bares e restaurantes], em que muitos clientes são contaminados após frequentar determinada casa, ou muitos funcionários ficam doentes. Isso mostra que retomar 100%, desde que observando os protocolos, é suficiente para evitar  problemas mais graves”, acredita Solmucci.

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“Em alguns lugares famosos, você tem filas, gente batendo papo do lado de fora, e essa é uma questão muito difícil de lidar, porque o estabelecimento não tem gestão sobre quem não está no interior dos bares e restaurantes, que não vêm tendo aglomerações e filas em seu interior. O que nós temos reforçado, com campanhas, e todos os estabelecimentos estão muito atentos, é que ninguém quer ver a retomada do vírus, ninguém quer bares e restaurantes fechando de novo, então o que estamos fazendo é promovendo e incentivando o cumprimento dos protocolos. A maioria dos estabelecimentos cumpre o protocolo e zela por ele”, garante.

Unidade do Outback em Campinas, interior de São Paulo
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Unidade do Outback em Campinas, interior de São Paulo

O Outback Steakhouse, por exemplo, voltou sua operação para o delivery durante a pandemia como forma de driblar as restrições e manter parte da arrecadação da rede, sempre respeitando todas as normas das autoridades sanitárias. A porta-voz Andrea França, gerente de Consumer Insights e Produtos Digitais da Bloomin’ Brands, detentora do Outback Steakhouse no Brasil, conta que “Antes da pandemia, o delivery representava 3% do faturamento dos restaurantes das marcas Outback e Abbraccio. Com todas as implantações realizadas ao longo de 2020, atualmente, o faturamento do delivery representa 25% do nosso negócio. Recebemos aproximadamente 100 mil pedidos de delivery por semana nos restaurantes Outback e Abbraccio. São cerca de 400 mil pedidos, já tendo chegado a 500 mil no mês”.

A porta-voz da rede de restaurantes vê a retomada de 100% de ocupação como um marco para o Outback, que sempre respeitou todos os protocolos e, recentemente, criou uma novidade para melhorar a experiência dos clientes e evitar aglomerações e filas. “Para driblar esse cenário, estamos incentivando a utilizarem nosso novo serviço de espera remota, no qual o cliente pode entrar na fila de espera sem sair de casa ou reservando digitalmente uma mesa com antecedência. Desta forma conseguimos fornecer mais uma opção para evitar filas e aglomerações. Implantamos esse tipo de espera em todas as unidades do Brasil recentemente”, diz.

“As reservas podem ser feitas diretamente pelo Google, buscando o nome do restaurante. A disponibilidade pode variar de acordo com o fluxo de cada unidade. O cliente também pode colocar o nome na espera sem sair de casa através de um link que consta em nosso Instagram oficial. Além disso, o cliente pode entrar na fila digital presencialmente com auxílio da recepcionista, na porta do restaurante. Em ambos os casos, o cliente poderá acompanhar seu lugar na fila pelo celular e receberá um SMS quando a mesa estiver pronta. Isso possibilita que os clientes tenham mais mobilidade, podendo inclusive passear pelo shopping”, explica.

Andrea diz, ainda, que o Outback tem notado “uma maior predisposição das pessoas em visitar os restaurantes conforme as flexibilizações acontecem” e garante que isso tem um impacto positivo no movimento, sem que os protocolos de segurança sejam descumpridos. Segundo a porta-voz, em agosto, foram 330 mil entradas na fila digital e aproximadamente 1.820 reservas de mesas, e esses números foram ainda maiores no mês seguinte, sugerindo maior aceitação dos clientes pelo país.

Retomada

O Hopi Hari, a Abrasel e o Outback se mostram otimistas com a retomada econômica, mas reconhecem que, para as empresas voltarem ao normal, vão precisar de tempo. O presidente do parque diz que adotou internamente o lema de “cair em pé”, ou seja, reconhecer que com a necessidade de fechar as portas temporariamente haveriam dificuldades, porque o Hopi Hari não tem como atuar remotamente e não seria possível receber visitantes com as limitações sanitárias, então a ideia foi respeitar os protocolos e as autoridades, aproveitando o período fechado para preparar a volta, desenhando a retomada segura e otimista.

“Quando o governo liberou, não tivemos problemas na retomada, porque estava tudo preparado para isso. Foi só virar a chave e abrir os portões”, diz Alexandre. “Quando pudemos, abrimos o parque com uma dinâmica quase normal, e os visitantes entenderam isso e, dentro de um protocolo de saúde muito rígido, começaram a vir e perceber que o parque é um lugar seguro”, celebra. “Até 2023, segundo um estudo que fizemos, o turismo nacional vai estar muito forte, por várias questões, como o dólar alto e países que ainda manterão as fronteiras fechadas para turistas”, projeta o presidente do Hopi Hari.

“Apesar da flexibilização das restrições, ainda entendemos que estamos vivendo uma fase desafiadora e de tomada rápida de decisões, e que a nossa maior prioridade é e sempre será a saúde e a segurança de nossos colaboradores e clientes”, diz o Outback.

A Abrasel entende que, neste momento, o principal é encarar o superendividamento que a pandemia trouxe. “Nós temos hoje 64% das empresas do setor de bares e restaurantes com dívidas atrasadas, contas atrasadas de aluguel, luz, água, devendo a bancos, impostos… Esse é um desafio que deve ser superado, segundo pesquisas nossas, entre dois e cinco anos. Precisamos de crédito”, pede o presidente-executivo da associação, que lembra ainda a nova necessidade trazida pela pandemia, de ter que lidar com os clientes no ambiente digital, antes mesmo da pessoa consumir no bar ou restaurante.

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