Conheça a empreendedora que saiu do mundo corporativo e se achou na confeitaria

Publicado em 05/10/2021 às 16:21

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Conheça a história do Bendito, fundado por empreendedora que deixou o mundo coorporativo e se descobriu na confeitaria
Divulgação

Conheça a história do Bendito, fundado por empreendedora que deixou o mundo coorporativo e se descobriu na confeitaria

Rosana Braem, carioca, na altura dos 35 anos de vida, decidiu deixar a carreira estável de diretora de arte, na TV Globo, para seguir sua intuição. Segundo ela, seu desejo era “curtir o momento da primeira filha, de quase 2 anos, e sair do mundo corporativo. Estava cansada”. Assim, Rosana passou a fazer trabalhos apenas como freelancer para diversas empresas.

Ela conta que um desses serviços foi para uma produtora, e, em meio a conversas sobre trabalhos, pediram para ela fazer o mesmo brownie que fazia na PUC, faculdade em que estudou Comunicação Social. As pessoas gostaram, e no Natal, resolveu fazer os doces como brinde. “Dei um nome, Santo Brownie. Fiz um design para a embalagem, tudo bem caseiro. Eu fazia tudo sozinha, sem curso de gastronomia e pesquisando na internet. Foi um sucesso”, lembra.

Nome oficial e primeira loja

Depois da primeira experiência, como um hobby, Rosana decidiu mudar o nome do produto. Seu ex-marido fez uma lista de nomes e assim surgiu o Bendito, ligado à benção, procurando ser algo que traz o bem. “Tem tudo a ver com espiritualidade, eu sou muito espiritualizada. A história do Bendito é marcada pela intuição, pelo dom, acho que devemos trabalhar no dom e não no automático, pois só assim as coisas fazem sentido. Se a gente não para, como vamos ouvir a intuição? O dom traz o propósito, é o mais importante para o empreendedor. Isso porque o desgaste, a exigência e responsabilidade são grandes. Se você não for apaixonado, você desiste, por isso os primeiros negócios fecham nos primeiros anos”, explicou.

A empreendedora diz que, em sua história, “tudo foi acontecendo naturalmente”. Depois dos brownies, começou a pesquisar sobre cookies e a fazê-los. “As pessoas encomendavam e gostaram bastante, mas me incomodava porque eles grudavam muito”. Nesse momento, ainda inicial e de muita incerteza, a Rede Globo chamou Rosana de volta, mas ela decidiu permanecer na confeitaria. Criou uma nova embalagem, investiu em suas habilidades com criação e texto publicitário. Na caixinha, contava a história de sua família. Seu pai era descendente de suíços e alemães, e, junto com seu bisavô, eles vieram plantar cacau em Ilhéus, e revender para a Suíça.

Até que um dia a confeiteira teve um sonho, em que estava usando muito ovo. Ela acordou, anotou e voltou a dormir. No dia seguinte, a empreendedora ia fazer uma encomenda, e comprou ovos grandes e pequenos. Pesou na balança, 4 ovos grandes e 4 ovos pequenos. Observou uma grande diferença e usou os pequenos. “Assim, a receita ficou perfeita”. Por isso ela diz que “A história do Bendito é marcada pela intuição, pelo dom. Não tinha pretensão de ganhar dinheiro. Saí [do emprego estável] sem nada em vista, por conta da minha filha e da minha insatisfação. Eu tinha a intuição de que deveria fazer algo diferente”.

No início, Rosana fazia encomendas pequenas junto com seu trabalho de freelancer como diretora de arte. Com o tempo, o volume de encomendas aumentou e ela se interessou em alugar uma loja para ser seu ateliê. Assim, em 2009, inaugurou o Bendito, rede de brownies, cookies e cafés em Copacabana. “Empresária, cozinheira, o empreendedor vai se transformando em vários papéis ao longo do caminho. Eu fazia tudo, cozinhava, fazia as embalagens, atendia o público e tudo mais”.

O primeiro espaço, com 28 m², consolidou a marca, com uma boa combinação de estética e qualidade dos produtos. As receitas são exclusivas e feitas com o chocolate belga Callebut.

Franchising

Em 2014, com os negócios crescendo, o empreendimento passou a funcionar em um espaço maior, de 1150 m². O ex-marido de Rosana veio para a sociedade, eles venderam o apartamento e a cada seis meses abriam novas lojas próprias. Nenhum tinha passado de empreendedor. De acordo com ela, trabalhavam sem parar, no Natal, Ano Novo, Carnaval, em processo que durou por três ou quatro anos, segundo suas contas. Aplicando seus conhecimentos em publicidade, a diretora de arte criou todas as decorações dos espaços, embalagens, aventais, toda a parte estética, e uniu isso às receitas, também feitas por ela. “Na publicidade, você nem sabe que fim tem o anúncio que você faz. Trabalhando com comida, você tem o prazer de ver a imediata satisfação e a resposta do seu cliente”.

No ano de 2016, eles abriram sua primeira franquia, sendo os próprios administradores, caminho turbulento, relembra a empresária. “Muitos erros financeiros, sem muito conhecimento, fez a gente gastar muito mais que necessitava”. Com o passar do tempo, mais quatro franquias foram abertas. Essa forma de administração, aderindo ao franqueamento, ajudou a acelerar a expansão da marca.

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Após a abertura da quinta franquia, a rede Bendito se juntou com a Espetto Carioca em 2019, pois “precisava de cérebro para poder ampliar mais os negócios, e foi em uma época financeiramente complicada”, segundo Rosana. Hoje, são sete lojas, contando com galerias comerciais, quiosques em shoppings, estações de trem, metrô e aeroportos. São vendidos outros produtos também, como cafés e salgados. “Juntando a estética, qualidade do atendimento, do produto, acolhimento do cliente, traz uma experiência sensorial, vai muito além de comer um doce. Quando as pessoas pensam em ir num lugar legal, fazer algo diferente, esse lugar seria o Bendito, desde o começo eu queria passar isso. Acho que por isso teve uma boa aceitação desde o início”.

Transformações no cotidiano e na vida como um todo

“Quando você é contratada por uma empresa, tem algumas limitações, como horário fixo, passa de oito a nove horas dentro da empresa. Quando tem seu empreendimento, pode fazer seu horário, encaixa os compromissos, almoça em casa, pode levar seus filhos para um parquinho, para a praia, o tempo de dedicação é melhorado. Foi bom para minha filha participar disso, da criação da loja. Ela tinha uns 4 anos quando a primeira foi aberta. É muito lúdico trabalhar com chocolate, foi gostoso para ela como criança”, relembra.

Pandemia

“Foi assustador, a gente trabalha com pessoas, o contato presencial é básico, ninguém pede café pelo iFood. Nos primeiros três meses de crise, o faturamento caiu de 90 mil para 12 mil. Fazíamos R$ 90, R$ 140 por dia com entregas”, conta. Assim como muitos outros empresários, Rosana sofreu na pandemia e diz que até hoje se pergunta como a empresa sobreviveu aos meses de restrições. “Quando teve a reabertura, olho para trás e fico pensando: ‘Como consegui?'”

“Quando você depende do trabalho na rua, acaba sua fonte de sustento. A reabertura ajudou bastante, no final do ano [2020] senti uma melhora, um otimismo. Nós sobrevivemos a esse período pelas pessoas que tinham coragem de sair. O movimento ainda segue lento, diria que agora está em 70% do que era no pré-pandemia. O iFood e o delivery ajudaram, mas o forte é a presença no estabelecimento, a experiência de ir até lá”, garante.

Apesar do desafio, na pandemia Rosana conseguiu abrir mais 3 lojas, quando o cenário apresentou uma melhora. A pretensão é fechar 2021 com 9 lojas, segundo a empresária.

Dicas para quem quer se tornar empreendedor

“Precisa de uma motivação muito forte, uma ideia, um norte. Minha dica principal é encontrar dentro de você o que quer. É na alimentação, internet, vestuário? Achando o objeto de desejo, começa a se debruçar 100% naquilo, precisa estudar e se apaixonar muito, ver o que os outros fazem, como fazem. Não ter a pressão de fazer para ganhar dinheiro ajuda muito. Você tem liberdade para focar só no produto. Essa questão do objetivo financeiro gera muita ansiedade e pode atrapalhar”.

Ela lembra que, no seu processo, se “enchia de exemplos, só pensava nisso. Primeiro tem que ter a motivação, depois é o passo concreto, não dá para fazer com qualquer coisa, pois é muita dificuldade, senão você acaba desistindo. Não tem receita de sucesso, é um passo no escuro todo dia, acertos e erros, até que você olha pra trás e vê que fica mais claro aos poucos. Tem que ter coragem, ser destemido, tirar um pouco o sonho, o romantismo e olhar de maneira real. Vão ter perdas, você deve ver a realidade, ser racional. Não tem final de semana, o dia a dia é puxado. O essencial é um desejo forte, acreditar, ter coragem, e principalmente crer no seu produto”, lista.

Projetos futuros e SP

A finalidade de Rosana agora é expandir os negócios em até 30%, além de abrir novas unidades no sudeste ainda em 2021, principalmente em São Paulo. “O frigorífico do Espetto já é em São Paulo, além de que café e chocolate tem tudo a ver com a cidade. Seria uma aventura mas requer muito planejamento, e estamos com isso na mira, para uma ou mais unidades”, afirmou. A ideia da empresária é ter mais 10 lojas até o fim do ano que vem. Hoje, a fábrica da marca é responsável por 70% do cardápio, e o projeto é que 100% da produção seja concentrada no local, sem comprar outros produtos de terceiros para revender. Pelo contrário, Rosana quer uma linha de produção para colocar seus produtos em outras lojas, expandindo sua marca para além dos horizontes de suas sedes.

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