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Os relacionamentos da sociedade moderna

Publicado em 15/06/2021 às 11:16

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Antigamente, antes do advento das máquinas e da produção em série, as pessoas viviam em comunidades, onde criavam laços, sendo o casamento arranjado entre as famílias. Este, para boa parte das pessoas, não era o modelo ideal, pois violava a liberdade de afeto dos cidadãos, já que não teriam as suas escolhas respeitadas.

Com o êxodo do campo para a cidade para trabalhar nas indústrias, as pessoas deixaram as suas famílias e a proximidade dos seus parentes, para buscarem um melhor futuro econômico, o que prejudicou em muito os relacionamentos amorosos com o fim de constituir família.

Recentemente, a tecnologia também tem importante papel na evolução dos modelos de famílias. A praticidade da vida moderna, com os avanços dos eletrodomésticos, tornou o homem independente, não precisando mais da mulher somente em termos de sobrevivência. Diante deste quadro, cresce o número de divórcios e das pessoas solteiras. Segundo o saudoso Flávio Gikovate, baseado em pesquisas, cerca de 50 % das pessoas que se casam, se separam, sendo que, dentre os outros 50 % que permanecem casados, somente 5 % estão felizes. Dizia o psiquiatra e psicoterapeuta paulista: a linha divisória para se saber se está mau casado é essencial a sua comparação com a vida de solteiro. Dependendo de qual for melhor, a resposta está dada.

Gostar da própria companhia, também dizia Gikovate, é fundamental não só para não se escolher qualquer parceiro, mas também para se dar o tiro certo, independentemente da idade.

Fato é que os relacionamentos até meados do século passado duravam, já os de hoje, não, contribuindo para este fato a morte dos valores essenciais para a sociedade, pois, na sociedade atual, para vencer, vale tudo. Dinheiro vale mais do que um coração feliz e uma família bem constituída e estruturada.

Dito isto, recentemente participei de algumas audiências envolvendo pedidos de revisão de alimentos fixados, seja da genitora em relação ao pai do(s) filho(s), ou vice-versa. Dois modelos de relacionamentos me chamaram a atenção, sem ordem de importância: (a) ou o marido que sai de casa, passando a morar com menina mais nova, o que é algo imperdoável para a sua ex-mulher que fica com os filhos do antigo casal; (b) ou o homem e a mulher que se envolvem sem qualquer vínculo afetivo e acabam gerando filhos de forma impensada.

Estes fatos são bastante tristes, pois o que se vê são homens e mulheres com vários filhos, de diversos relacionamentos, sem qualquer condição financeira ou emocional de darem afeto às crianças e aos adolescentes, que acabam replicando esse modelo em seus relacionamentos.

Hoje não existe mais esforço para que os relacionamentos deem certo. Os laços sólidos entre casais, em busca de uma felicidade comum, viraram uma utopia. O divórcio foi facilitado, com o cartório resolvendo esse fato rapidamente. A maioria das pessoas prefere viver juntos, porque é mais fácil, e, se não der certo, cada um vai para o seu canto.

O romantismo acabou, porque tudo é muito fácil, não existe mais conquista.

A pergunta que fica é se o modelo mais rígido de família, cristão, que pregava valores sólidos para as pessoas se relacionarem ficou ultrapassado, ou se o modelo socio-econômico vigente, que incentiva a independência, com cada um tendo o seu teto, relacionamentos superficiais e um consumo desmedido é o que deve prevalecer?

Acredito que os casos que tenho vivenciado na Defensoria, desde os atendimentos iniciais, passando pelos processos em andamento, e as experiências em audiências dizem muita coisa sobre o caminho que estamos tomando. O pior é que, quem sofre não são somente os filhos, mas também ex-marido e ex-mulher, que, cada vez mais, ficam traumatizados e descrentes no antigo amor dos casais que praticamente morriam juntos, porque um não conseguia viver sem a presença do outro. Quanta saudade …

Jairo Maia Júnior é Defensor Público em Breves, Pará

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