Com 330 mil planos individuais, futuro da Amil ainda é incerto

Publicado em 10/02/2022 às 11:21

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Sede da Amil
Divlugação

Sede da Amil

O mercado de planos de saúde ficou estacionado na última década. Mas a concentração no setor aumentou muito, o que deixa clientes da Amil ainda mais apreensivos diante do futuro incerto da operadora. Com 6% do mercado, a Amil tem mais de 330 mil planos individuais.

Esta carteira foi transferida para a APS, uma empresa cujos sócios são companhias do próprio grupo Amil, em dezembro. Este ano, APS realizou uma mudança societária e teve o controle assumido pelo fundo Fiord, em operação que foi suspensa pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) na última terça-feira.

Hoje, as cinco maiores gestoras de planos de saúde no Brasil — Unimed, Amil, SulAmérica, Bradesco e Hapvida — detêm 71% do mercado, mostra levantamento feito pela KPMG. Há dez anos, essa concentração era bem menor: 56% dos planos estavam nas mãos deste grupo restrito de operadoras. Ou seja, na prática, há menos opções no mercado. E, no caso de planos individuais, a oferta é ainda mais restrita.

A Amil tem 6% dos planos do país. O Sistema Unimed abarca 37% do mercado. SulAmérica e Bradesco têm 5% e 8%, respectivamente. E o grupo Hapvida/NortreDamme Intermédica viu sua participação no mercado subir de 2% para 15% na última década, via aquisição de outras operadoras.

Cliente da Amil há 24 anos, o aposentado Laércio Gonçalves, de 72, teme pelo futuro do seu plano de saúde. Após ter superado três cânceres — no pulmão, na próstata e no cérebro — ele não cogita procurar outra empresa para o serviço:

“Só queria que meu plano retornasse ao status que ele tinha para continuar indo ao laboratório que confio. E nem penso em cancelar a Amil porque, com a nossa idade, fazer outro plano agora vai sair bem mais caro”, diz Gonçalves, que paga, para ele próprio e para a esposa Suely Regina, de 68 anos, R$ 2.470 de mensalidade no plano de saúde.

Descredenciamento sem aviso prévio

Ele se queixa do descredenciamento do seu plano, sem aviso prévio, em um laboratório onde costumava fazer exames de rotina, já que seu oncologista recomenda um checkup anual.

“Esse laboratório tem um bom processamento de dados. Então, qualquer médico que eu for, é só olhar no banco deles que tem conhecimento de todo o meu histórico. É como se fosse a minha biblioteca. Mas, no fim do ano, quando fui agendar, recebi a notícia que não poderia mais fazer exames ali pelo plano. Eu me senti desprezado, porque não se quebra um relacionamento de mais de 20 anos assim. Nunca atrasei nenhuma parcela do pagamento do plano”, desabafa.

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Analistas avaliam que a estratégia da Amil, ao repassar os planos individuais para a APS e, depois, tentar fazer a mudança societária que deixaria esse serviço sob gestão do fundo Fiord, é isolar a parte “saudável” da empresa para facilitar sua venda.

A carteira de planos individuais é deficitária. Já o restante da operação da Amil, de planos empresariais, é rentável e, com a operação, se tornaria atrativa para uma possível aquisição.

Dona da Amil não pretende continuar no Brasil

A United Health, grupo americano que controla a Amil, já deu sinais de que não pretende seguir atuando no Brasil.

Além de uma maior concentração, o mercado de planos de saúde do Brasil passou por uma verticalização acelerada das operações. Ou seja, as operadoras de saúde montam suas próprias redes de serviços, com clínicas e hospitais próprios.

Hoje, há dois grandes grupos sem carteira de beneficiários, mas com robusta estrutura de atendimento: Rede D’Or e Dasa.

“A Amil é uma das últimas oportunidades para a entrada de um grande player nesse mercado. Pode ser também uma oportunidade para um dos players nacionais, principalmente os que não têm rede verticalizada, abastecerem suas estruturas, como Rede D’Or, Dasa e Bradesco/Fleury”, avalia Leonardo Giusti, sócio da consultoria KPMG.

Ele lembra que o mercado de planos de saúde no Brasil não cresceu na última década. A carteira de beneficiários subiu 5%, enquanto as estimativas de crescimento da população pelo IBGE para o período são de mais de 10%

“Tem muita transação de M&A acontecendo, mas do tipo “rouba-monte”, porque o mercado não está crescendo”, explica Giusti.

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