POMERANA

Coluna Pomerana

Uma biblioteca pomerana

Publicado em 29/10/2022 às 11:31

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Dr. Ivan Seibel
[email protected]

Há poucos meses atrás, a Folha Pomerana divulgou uma matéria sobre a doação de uma importante biblioteca, com obras relacionadas, sobretudo, com a cultura pomerana. O Senhor Ernst Schroeder, desde os 12 anos de idade vem se interessando por genealogia e pela história germânica e pomerana, passando, com isso, a adquirir milhares de livros, tanto de livrarias como de “cebos” ou mesmo de
colecionadores particulares.

O resultado foi a formação de um acervo de mais de 25 mil títulos, dos quais, hoje, cerca de 12.500
estão prontos para serem embarcados para o Brasil.

Há quatro meses atrás passei uma semana na
Alemanha, inspecionando essa biblioteca e identificando, juntamente com o seu proprietário, o que poderia vir a ser interessante para a nossa comunidade pomerana brasileira. Foi dessa forma que teve
início um processo de seleção e acondicionamento do acervo.

Agora novamente tive o privilégio de passar uma semana em Tingleff, na fronteira da Dinamarca com Schleswig-Holstein, auxiliando no acondicionamento de todo esse acervo, em 315 caixas de transporte, lacrando e catalogando as mesmas e preparando uma serie de planilhas, necessárias para o encaminhamento para a competente liberação pelos setores de importação no Brasil. Tudo isso foi possível, graças ao suporte financeiro do nosso grande Mecenas brasileiro nas questões pomeranas e que, no momento, prefere não ser identificado.

O acervo é constituído de uma grande variedade de títulos. Praticamente todos os livros são escritos em
língua alemã. Os conteúdos abrangem, sobretudo, temas sobre o desenvolvimento cultural da Pomerânia durante os últimos dois séculos. Ainda, neste contexto, há extensos trabalhos esmiuçando a história da Europa Central no decorrer do último milênio, publicações sobre a história da arte (pintura e escultura), música, política, filosofia e tantos outros. É interessante citar livros escritos no início e durante primeira metade do século XIX, com uma visão contemporânea daquela época e ainda não deturpada com o processo do reescrever a história.

Um assunto de grande importância para os descendentes dos nossos imigrantes, se refere à genealogia. Um acervo, com milhares de documentos garimpados ao longo dos últimos 50 anos, se constitui em uma rara fonte de pesquisa. Vale lembrar que, nas regiões ao leste da Alemanha que, no final de 1945 foram anexadas pela Polônia e pela URSS, houve uma verdadeira caça à todo e qualquer tipo de documento escrito em língua alemã. Nesse sentido, aconteceu uma nítida tentativa de reescreve a história da região, há mais de 700 anos habitada por diferentes povos germânicos. Há quem chame isso de limpeza étnica, para posterior assentamento de uma nova população constituída de russos (Prússia Oriental) e poloneses (território alemão incorporado à Polônia).

Muitos registros de igrejas e cartórios foram queimados e acervos particulares depredados. Naquela ocasião tudo eras válido, desde que se conseguisse provar que as áreas do leste da Alemanha, por direito, pertenciam às populações não germânicas. Agora com as descobertas do que sobrou “nessas ruinas”, muitos dados começam a ser divulgados. E nessa biblioteca temos uma imensa variedade de cópias de documentos que sobreviveram ao processo de destruição do pós guerra.

Portanto, trata-se de um acervo de uma incalculável importância histórica e literária para nossos futuros pesquisadores pomeranos. Que possam ampliar seus horizontes, até para desfazer falsas falácias de que os nossos antepassados pomeranos teriam chegado no Brasil depois de 1945.

Sem sombra de dúvidas, não queremos e não podemos reescrever a nossa verdadeira história, porém, podemos tentar descobrir fatos que nortearam a vida e o comportamento social e cultural dos nossos antepassados. Para isto, nada melhor do que procurar por fontes originais da época. E é essa a grande oportunidade que o acervo oferece. Resgatemos a nossa própria história da Pomerânia e dos 150 anos da colonização pomerana no Brasil.

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