Tarifaço de Trump gera reação global e preocupa mercados
Publicado em 07/04/2025 às 10:51

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Em entrevista à ABC News, Hassett não revelou quais nações entraram em contato com o governo norte-americano, mas afirmou que todas estão interessadas em discutir uma possível redução das tarifas anunciadas por Washington na semana passada. Essas novas taxas começaram a valer no sábado (05).
Hassett também negou que o chamado “tarifaço” tenha sido uma forma indireta de pressionar o Federal Reserve (o banco central dos EUA) a reduzir os juros.
Ao ser questionado sobre a ausência da Rússia na lista de países atingidos pelas tarifas, o conselheiro explicou que Trump evitou incluir Moscou para não comprometer as negociações em curso relacionadas ao fim da guerra na Ucrânia.
No mesmo dia, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, também se pronunciou sobre o assunto. Em entrevista à NBC News, ele minimizou os impactos negativos no mercado financeiro e declarou que não há motivo para prever uma recessão com base nas novas tarifas.
As medidas detalhadas por Trump entraram em vigor no sábado (5) e atingem mais de 180 países e regiões, incluindo a União Europeia (20%), China (34%), Coreia do Sul (25%) e Japão (24%).
O governo norte-americano justifica o tarifaço como uma tentativa de fortalecer a indústria nacional. A ideia é impulsionar a produção interna e o consumo de produtos feitos nos EUA, gerando empregos e fortalecendo a economia. No entanto, especialistas apontam que o efeito pode ser o oposto, com aumento de custos e pressão inflacionária.
Trump também utiliza as tarifas como ferramenta de barganha em negociações internacionais. Logo no início de seu mandato, por exemplo, ele impôs taxas ao México e ao Canadá — posteriormente suspensas — com o objetivo de pressionar por mais esforços no combate ao tráfico de fentanil, um opioide sintético extremamente potente.
Essa política de taxação está alinhada com as promessas de campanha de Trump, especialmente no que diz respeito a países com os quais os EUA mantêm déficit comercial — como México, Canadá e China. O objetivo é reverter esse desequilíbrio na balança comercial.
Outro possível resultado do tarifaço seria o aumento da arrecadação por meio dos impostos sobre importações. No entanto, isso dependerá da reação dos parceiros comerciais, da demanda interna e das condições do comércio global.
Economistas alertam que a imposição de tarifas tende a gerar inflação, já que o custo de importação se eleva, pressionando os preços de produção e, por consequência, os valores finais ao consumidor. Isso pode levar o Federal Reserve a manter os juros em patamares altos.
Além disso, existe a preocupação com a capacidade da indústria norte-americana em suprir a demanda interna caso as importações diminuam. A escassez de insumos pode gerar ainda mais inflação.
Com a inflação em alta, o dólar tende a se valorizar frente a outras moedas, o que pode provocar efeitos inflacionários em outros países. Juros mais altos nos EUA também exigem medidas similares em outros países para conter a fuga de capitais e proteger o câmbio — como no caso do Brasil, que pode enfrentar alta nos juros e encarecimento do crédito.
Por fim, cresce o temor de uma recessão nos Estados Unidos. O encarecimento de produtos pode afetar a produção e os lucros das empresas, agravando a inflação e desacelerando a economia. Esses impactos já começaram a ser sentidos logo após o início da nova política tarifária, com queda nas bolsas dos EUA, Europa e Ásia, além de desvalorização do dólar.