Pesquisa aborda o potencial de árvores nativas em sistemas silvipastoris para o Espírito Santo

Publicado em 17/11/2019 às 13:31

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O potencial de árvores nativas, de espécies arbóreas do Sul-Caparaó do Espírito Santo, foi avaliado a fim de propor boas práticas agrícolas em sistemas silvipastoris adaptados para o Espírito Santo, pensando numa agropecuária mais sustentável e produtiva. O assunto é tema de uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito (Fapes) pelo Edital PPEAgro – 2015.

O autor principal deste estudo é o pesquisador do Incaper, Maurício Lima Dan, que atualmente está finalizando o seu doutorado em Ciências Florestais pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Sob o título “Investigação do potencial de espécies arbóreas para o desenvolvimento de boas práticas em sistemas silvipastoris”, está sendo avaliada, entre outros assuntos, a influência de dez espécies de árvores nativas da Mata Atlântica sobre a cobertura do solo em pastagens na região.

O pesquisador contou que os dados de campo foram coletados em nove pequenas propriedades rurais, de até quatro módulos fiscais, distribuídas entre os municípios de Alegre, Cachoeiro de Itapemirim e Jerônimo Monteiro, a avaliação do desempenho das forrageiras em relação às árvores aconteceu no verão 2018 e 2019, nos períodos de dezembro a fevereiro.

Pesquisa aborda o potencial de arvores nativas em sistemas silvipastoris para o Espirito Santo 02Duas das espécies de árvores estudadas pelo pesquisador são destaque nesta reportagem, “Comparamos o efeito de uma espécie de árvore leguminosa, conhecida como angico-branco, de nome científico Albizia polycephala, ao de uma não leguminosa, o pau-d’alho, de nome Gallesia integrifolia. Ambas ocorrem espalhadas de maneira espontânea nas pastagens da região. Por meio de fotografias, comparamos a cobertura do solo embaixo das copas em relação a áreas controle a pleno sol e também caracterizamos a densidade de cobertura das copas das árvores”, contou.

Segundo Maurício Dan, a cobertura do solo por forrageiras embaixo do angico-branco foi maior em relação ao pleno sol, não apresentando diferença para outras coberturas, como a serapilheira e o solo exposto. Já o solo embaixo do pau-d’alho não apresentou nenhuma diferença de cobertura em relação a área de pleno sol para os três tipos de cobertura. As proporções de cobertura do solo embaixo das copas das árvores foram modificadas diferentemente pelas duas espécies, até a conclusão da pesquisa, divulgada na Biblioteca Rui Tendinha, do Incaper.

“A partir desses resultados poderemos testar novos modelos de sistemas silvipastoris, ou seja, pastagens planejadas pelo homem contendo, na mesma área, gado, árvores e forragens segundo um modelo em que o espaçamento ou densidades evitem a supressão de um pelo outro, proporcionando o máximo de benefícios. Mas, que sejam adaptados à realidade do nosso Estado, considerando o meio ambiente, a economia e a cultura capixaba, visando uma agropecuária mais sustentável e produtiva. Além disso, procuraremos valorizar a biodiversidade nativa, trazendo um novo olhar sobre espécies subutilizadas devido a carência de estudos científicos. O angico-branco e o pau-d’alho farão parte de uma lista de espécies potenciais que pretendemos publicar, a partir do próximo ano, em formato de livro”, salientou Maurício Dan.

No município de Jerônimo Monteiro, o trabalho “Árvores dispersas em pastagens modificam a cobertura do solo no sul do Espírito Santo” foi premiado com o primeiro lugar na modalidade “Apresentação de Pôster”, na linha de pesquisa “Meio Ambiente e Recursos Hídricos” no II Simpósio de Ciências Florestais do Espírito Santo (II SCIFLOR-ES). O trabalho premiado foi apresentado pelo graduando em engenharia florestal Robert Gomes, que representou Maurício no evento.

O evento foi promovido pelos estudantes do Departamento de Ciências Florestais e da Madeira da Universidade Federal do Espírito Santo (DCFM-Ufes). Os trabalhos aceitos no II SCIFLOR-ES serão publicados em um livro do evento com número de ISBN.

“Eu me senti muito honrado com a premiação, pois esta representa o início do reconhecimento pela sociedade acadêmica dos resultados preliminares de quase três anos de pesquisas. E com certeza ainda temos muitas inovações a oferecer”, comemorou Dan.

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