Papa Francisco morre aos 88 anos em Roma
Publicado em 21/04/2025 às 10:58

Foto: Ellen Favero
Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, faleceu nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, às 2h35 (horário de Brasília), em Roma. A morte foi confirmada oficialmente pelo Vaticano, que ainda não divulgou a causa. O pontífice se recuperava de uma pneumonia nos dois pulmões, após uma internação de 38 dias.
Francisco foi o primeiro papa latino-americano, o primeiro jesuíta e também o primeiro pontífice a assumir o cargo após a renúncia de um antecessor na era moderna. Ele liderou a Igreja Católica por quase 12 anos, sendo o 266º papa da história.
Em comunicado oficial, o Vaticano declarou:
“O Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja. […] Recomendamos sua alma ao infinito amor misericordioso do Deus Trino.”
Cerimônias fúnebres
O funeral de Francisco seguirá o protocolo tradicional do Vaticano, com eventos iniciando ainda nesta segunda-feira:
- 14h (Brasília) – Missa de sufrágio na Basílica de São João de Latrão, celebrada pelo cardeal Baldo Reina.
- 15h – Cerimônia de constatação da morte e preparação do corpo na Capela de Santa Marta, presidida pelo camerlengo Kevin Farrell.
- Quarta-feira (23) – O corpo será trasladado à Basílica de São Pedro para a última homenagem dos fiéis.
Diferentemente do habitual, Francisco será sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, repetindo um gesto que não era visto desde o papa Leão XIII, em 1903.
Trajetória e legado
Nascido em Buenos Aires, em 1936, filho de imigrantes italianos, Francisco foi químico de formação antes de ingressar no seminário jesuíta. Ordenado padre em 1969, assumiu posições de liderança religiosa rapidamente, chegando a arcebispo de Buenos Aires em 1997 e cardeal em 2001.
Eleito papa em 13 de março de 2013, após a renúncia de Bento XVI, Francisco trouxe um estilo acessível, marcado pela simplicidade, defesa dos pobres e abertura ao diálogo sobre temas controversos. Foi reconhecido por reformas na Cúria Romana, maior participação de mulheres e apoio a bênçãos para casais do mesmo sexo, embora tenha mantido posições conservadoras em temas como aborto e sacerdócio feminino.
Francisco também se destacou por sua postura política e humanitária, criticando guerras, promovendo a justiça social e defendendo a dignidade dos refugiados.
Mesmo enfrentando problemas de saúde nos últimos anos, continuou à frente da Igreja sem considerar a renúncia. “Estou indo em frente”, disse certa vez, apesar de dores no quadril e problemas respiratórios que o acompanhavam desde 2023.
Um papa reformador
Considerado por muitos como “um grande reformador”, Francisco modernizou a linguagem da Igreja sem alterar sua doutrina central. Segundo o vaticanista Marco Politi, ele tentou conduzir uma “revolução da misericórdia” nos passos do Concílio Vaticano II, tornando a Igreja mais próxima das pessoas.
O pontífice deixou marcas profundas em uma instituição milenar e sai de cena como um dos líderes religiosos mais influentes do século XXI.