Países europeus, com Canadá, planejam nova reunião contra parceria entre EUA e Rússia nas negociações sobre a guerra na Ucrânia
Publicado em 18/02/2025 às 16:22

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Os países europeus, com a participação do Canadá, realizarão uma nova reunião para discutir uma resposta à parceria entre Estados Unidos e Rússia na busca por um acordo para o fim da guerra na Ucrânia.
De acordo com fontes diplomáticas europeias citadas pela agência Reuters, a reunião ocorrerá na quarta-feira (19) e foi novamente convocada pela França, que já sediou um primeiro encontro sobre o tema na segunda-feira (17).
Desta vez, o Canadá estará presente, juntamente com países europeus que não participaram da reunião anterior e que possuem maior proximidade com a Rússia, como Noruega, Lituânia, Estônia, Letônia, República Tcheca, Grécia, Finlândia, Romênia, Suécia e Bélgica.
A decisão de convocar essa nova reunião surge como resposta ao encontro realizado nesta terça-feira entre o secretário de Estado dos EUA e o chanceler russo na Arábia Saudita. Pela primeira vez, Washington e Moscou concordaram em negociar um acordo para o fim da guerra na Ucrânia sem a participação do governo ucraniano.
A reaproximação entre EUA e Rússia, iniciada no começo do mês com um telefonema entre Donald Trump e Vladimir Putin, marca uma mudança significativa na política de Washington em relação a Moscou, encerrando o isolamento do governo russo desde a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022. Esse movimento surpreendeu a Europa, que agora busca evitar ser deixada de fora das negociações de paz.
Nesta terça-feira, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, e o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, concordaram em criar equipes de alto nível para acelerar as negociações de um acordo que ponha fim ao conflito.
A decisão de excluir a Ucrânia das negociações foi fortemente criticada pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que classificou as conversas como “acordos feitos pelas costas” da Ucrânia e da Europa. Ele insistiu que os países europeus devem ser incluídos nas tratativas e reafirmou que não aceitará qualquer acordo negociado unilateralmente por EUA e Rússia.
O encontro em Riade marcou a primeira conversa oficial entre Washington e Moscou sobre o fim do conflito e ocorreu menos de uma semana após Trump e Putin concordarem, por telefone, em iniciar imediatamente as negociações.
O assessor de política externa da presidência russa, Yuri Ushakov, afirmou que a reunião foi produtiva e abordou “todas as questões relevantes”, segundo a agência russa Ifax.
Além de Rubio, a delegação americana contou com o enviado especial de Trump para assuntos no Oriente Médio, Steve Witkoff, e o assessor de segurança nacional Mike Waltz. Do lado russo, Lavrov foi acompanhado por Ushakov.
A reunião também teve como objetivo restabelecer relações bilaterais entre EUA e Rússia e preparar um futuro encontro entre Trump e Putin, de acordo com o Kremlin. Ushakov mencionou que os detalhes dessa possível reunião foram discutidos.
Otan
Ainda nesta terça-feira, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, reafirmou a oposição do governo russo à adesão da Ucrânia à Otan, pedindo que a aliança militar reavalie sua promessa de inclusão do país.
Não está claro se esse pedido foi oficialmente apresentado aos EUA durante o encontro.
O Kremlin informou que Washington e Moscou continuam discordando sobre questões como a segurança da Ucrânia e suas alianças militares. No entanto, os dois países discutiram uma possível cooperação econômica no futuro, incluindo aspectos relacionados aos preços globais de energia, segundo Kirill Dmitriev, chefe do fundo monetário independente russo, em entrevista à Reuters.
A visita de Zelensky à Arábia Saudita, prevista para quarta-feira (19), foi adiada para março após o encontro entre EUA e Rússia.
O governo russo também declarou que não pretende interferir diretamente nas decisões sobre a soberania da Ucrânia.