Governo lança 2º Leilão Eco Invest para recuperar terras degradadas e impulsionar agricultura sustentável
Publicado em 29/04/2025 às 09:04

O Governo Federal, por meio do Tesouro Nacional, anunciou o lançamento do 2º Leilão Eco Invest, iniciativa voltada à mobilização de recursos para financiar projetos de recuperação de terras degradadas e conversão dessas áreas em sistemas produtivos sustentáveis.
A meta é recuperar 1 milhão de hectares nos biomas da Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pampa e Pantanal. A Amazônia, por suas especificidades, será contemplada em um leilão exclusivo, previsto para os próximos meses.
O Eco Invest integra o programa Novo Brasil – Plano de Transformação Ecológica, coordenado pelos Ministérios da Fazenda e do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). A nova etapa do leilão, vinculada à estratégia Caminho Verde Brasil, conta com o apoio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o Eco Invest promove apoio financeiro à recuperação ambiental com foco em produtividade e sustentabilidade:
“O leilão impulsiona técnicas que elevam a produtividade agrícola, aumentam a retenção hídrica e ampliam a cobertura vegetal permanente. É um passo para um futuro mais promissor e previsível ao produtor rural.”
A iniciativa busca atrair capital privado por meio de instituições financeiras locais. Os projetos devem seguir critérios ambientais rigorosos, incluindo práticas de conservação do solo e proteção dos recursos naturais. De acordo com o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, o leilão também tem impacto social, promovendo a inclusão produtiva de pequenos agricultores e fortalecendo o abastecimento interno de alimentos.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, destacou que o Eco Invest alia desenvolvimento econômico, inclusão social e preservação ambiental:
“O programa estabelece critérios rigorosos e combate ao desmatamento, promovendo uma agricultura sustentável de forma concreta e estruturada.”
Hoje, cerca de 165 milhões de hectares são usados como pastagens no Brasil, dos quais cerca de 82 milhões estão degradados. A meta do governo é recuperar 40 milhões de hectares nos próximos dez anos, sendo 1 milhão já nesta primeira fase do Eco Invest.
O presidente do BID, Ilan Goldfajn, destacou o caráter inovador da iniciativa:
“O Eco Invest combina ferramentas financeiras modernas, como hedge cambial e blended finance, e mostra como destravar bilhões em capital privado para um impacto real e escalável.”
Caminho Verde Brasil: meta de 40 milhões de hectares
Junto ao leilão, o governo lançou o programa Caminho Verde Brasil, que visa recuperar 40 milhões de hectares de áreas degradadas para uso exclusivo em agricultura sustentável ao longo de uma década. O Eco Invest Brasil será o principal financiador da primeira etapa.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, ressaltou a importância da iniciativa para o crescimento sustentável:
“É possível dobrar a produção de alimentos sem desmatar, aproveitando áreas já abertas e degradadas. Essa é uma oportunidade estratégica para atrair investimentos e contribuir com a segurança alimentar global.”
Chamada pública de projetos: mais acesso ao financiamento
Como novidade, o Tesouro Nacional lançou uma chamada pública online para seleção de projetos. Produtores, cooperativas e empresas organizadas poderão submeter suas propostas até 13 de junho de 2025 pelo e-mail [email protected]. A medida amplia o acesso ao financiamento e fortalece a participação de diferentes agentes econômicos no programa.
Modelo financeiro: alavancagem para atrair capital privado
O leilão será realizado por meio do modelo blended finance, no qual recursos públicos funcionam como capital de risco para atrair investimentos privados. Cada proposta será avaliada conforme o grau de alavancagem e a quantidade de hectares a serem recuperados. O valor mínimo de lance é de R$ 100 milhões.
Também serão incentivadas estruturas financeiras como os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro) e Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs), com expectativa de alavancar até R$ 10 bilhões em investimentos.
Diretrizes ambientais e foco produtivo
Os recursos do leilão serão destinados a produtores, cooperativas e empresas das cadeias agroindustriais, como fabricantes de bioinsumos, usinas de biocombustíveis e processadoras de alimentos. Para receber os recursos, os projetos devem adotar práticas ambientais rigorosas, como o monitoramento de emissões de gases de efeito estufa, análise da qualidade do solo e aumento da vegetação permanente.
As instituições financeiras participantes deverão alocar, no mínimo, 50% dos investimentos para produção de alimentos — especialmente proteínas animais e lavouras — com prioridade para a recuperação da Caatinga.
Fonte/ Foto: MAPA