Brasil reafirma intenção de usar moedas locais no Brics, apesar das ameaças de Trump
Publicado em 13/02/2025 às 14:48

Foto: Freepik
O governo brasileiro reiterou nesta quinta-feira (13) sua intenção de promover o uso de moedas locais em transações comerciais entre os países do Brics durante sua presidência no bloco. A medida, defendida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e outros líderes do grupo, já provocou reações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ameaçou impor sobretaxas a produtos de nações do Brics caso abandonem o dólar em suas negociações.
Desde o acordo de Bretton Woods, firmado em 1944, o dólar tem sido a principal moeda em transações internacionais. No entanto, os líderes do Brics argumentam que essa dependência mantém os países sob influência direta da política monetária dos Estados Unidos.
“A presidência do Brasil dará continuidade aos esforços de cooperação para desenvolver instrumentos de pagamento locais que facilitem o comércio e o investimento, aproveitando sistemas mais acessíveis, transparentes, seguros e inclusivos entre os membros do Brics”, destaca o documento divulgado pelo governo brasileiro.
Além disso, o texto menciona que medidas de facilitação comercial, como a cooperação regulatória, poderão contribuir para o aumento do intercâmbio econômico e de investimentos entre os países do bloco.
Prioridades do Brasil no Brics
Ao assumir a presidência do Brics em janeiro deste ano, o Brasil estabeleceu cinco eixos prioritários para discussão:
- Facilidade no comércio e investimentos por meio do desenvolvimento de novos mecanismos de pagamento;
- Governança inclusiva e responsável da Inteligência Artificial;
- Melhorias no financiamento para combate às mudanças climáticas;
- Estímulo a projetos de cooperação entre países do Sul Global, especialmente na área da saúde pública;
- Fortalecimento institucional do Brics.
O bloco é formado por Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul, além de outros países que se somaram recentemente. No documento divulgado, o Brasil detalhou suas prioridades na presidência do Brics, incluindo a importância da inteligência artificial (IA). Segundo o texto, a IA representa uma “revolução do conhecimento”, cujos benefícios devem ser amplamente compartilhados.
O governo brasileiro defende uma governança global justa e equitativa para a tecnologia. “O Brics pode contribuir para a construção de uma governança internacional da inteligência artificial, promovendo o desenvolvimento sustentável e inclusivo, garantindo o acesso não discriminatório à transferência de tecnologia e protegendo os direitos humanos e dados pessoais”, destaca o documento.
Durante uma cúpula em Paris nesta semana, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, alertou que deixar o desenvolvimento da IA sob o controle de poucos países pode ter “sérias consequências” para as democracias, reforçando a necessidade de regras globais para o setor.
O documento também aborda questões ambientais, mencionando que, em novembro deste ano, o Brasil sediará a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30) em Belém (PA). Segundo o governo, a cúpula do Brics antes da COP 30 permitirá que os países do bloco fortaleçam a agenda ambiental global.
“Uma nova liderança climática, baseada na solidariedade global, pode orientar a humanidade a uma resposta eficaz e equitativa às mudanças climáticas. Juntos, os países do Brics têm potencial para impulsionar uma mobilização renovada em favor de metas ambiciosas para a COP 30”, conclui o documento.