Brasil bate recorde na piscicultura e se aproxima de 1 milhão de toneladas
Publicado em 28/02/2025 às 13:29

Foto: Gabriel Pupo Nogueira
A piscicultura brasileira segue em ascensão, registrando um crescimento expressivo de 9,2% em 2024 e alcançando 968,7 mil toneladas de peixes de cultivo. Mesmo diante de desafios como oscilações nos preços, a produção mantém um ritmo acelerado, consolidando-se como um setor estratégico para a economia e a segurança alimentar do país.
De acordo com Francisco Medeiros, presidente executivo da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), a resiliência do setor foi crucial para esse desempenho. “Apesar das variações de preço da tilápia, nossa principal espécie, a atividade não apenas manteve seu crescimento como acelerou, aproximando-se de 1 milhão de toneladas”, explica.
Tilápia dispara e impulsiona o setor
A grande protagonista da piscicultura nacional foi a tilápia, cuja produção atingiu 662,2 mil toneladas – um salto de 14,36% em relação a 2023. A espécie agora representa 68,36% da produção total do país e se consolida como a proteína animal de maior crescimento na última década. O consumo crescente no Brasil fortalece essa tendência, com a tilápia se tornando presença constante na mesa dos brasileiros, especialmente no centro-sul do país.
A expansão da tilápia aconteceu mesmo com instabilidades no mercado, e a expectativa é de que a produção continue em ascensão. “O ciclo da tilápia começa com o alojamento dos alevinos, e os produtores souberam aproveitar o momento favorável para aumentar a oferta. Isso resultou em números recordes”, destaca Medeiros.
Peixes nativos enfrentam desafios
Por outro lado, os peixes nativos tiveram uma leve retração de 1,81%, encerrando 2024 com 258,7 mil toneladas. Embora os preços tenham sido satisfatórios, a produção foi impactada por uma menor oferta na região Norte, onde a atividade vem registrando queda nos últimos anos. Esse cenário preocupa, uma vez que os nativos têm grande potencial tanto para consumo interno quanto para exportação.
“O consumo de peixes de cultivo está crescendo, e os nativos poderiam ocupar um espaço maior no mercado. Precisamos de uma estratégia conjunta entre setor privado e órgãos públicos para reverter essa tendência”, avalia Medeiros.
Outras espécies mostram evolução
O segmento de outras espécies, como pangasius, carpas e trutas, apresentou um avanço de 7,5%, alcançando 47,8 mil toneladas. O pangasius, em especial, teve um forte crescimento no Nordeste, especialmente no Maranhão, onde a produção subiu 74% entre 2023 e 2024. No entanto, o Rio Grande do Sul, líder na produção de outras espécies, registrou queda de 11,76% na oferta.
Paraná lidera e amplia participação
Entre os estados, o Paraná se mantém como principal produtor, aumentando sua participação para 25% da produção nacional. Em 2024, o estado atingiu 250,3 mil toneladas, um crescimento de 17,35%. O sucesso do Paraná é impulsionado pelo modelo de cultivo cooperativo, que fortalece a cadeia produtiva e garante maior eficiência.
Outros destaques incluem Mato Grosso do Sul (+18,77%) e Minas Gerais (+18,18%), que cresceram acima da média nacional. Já Rondônia, tradicionalmente forte na produção de peixes nativos, caiu da 4ª para a 5ª posição no ranking nacional.
Regiões Sul e Sudeste se destacam
Regionalmente, o Sul segue na liderança, com 333,8 mil toneladas – um crescimento de 12,7% em relação ao ano anterior. No entanto, o Sudeste foi a região com o maior avanço percentual, crescendo 14,12% e superando o Nordeste como a segunda região mais produtiva do país.
Já o Norte manteve a mesma produção de 2023, com 143,1 mil toneladas, reforçando a necessidade de estratégias para estimular o crescimento da piscicultura na região.
Perspectivas promissoras
Com o maior crescimento registrado nos últimos dez anos, a piscicultura brasileira demonstra fôlego para continuar sua expansão. Desde 2015, quando o país produzia 638 mil toneladas, o setor avançou 51,8%, impulsionado pelo aumento do consumo e pelo fortalecimento do mercado interno.
A consolidação da tilápia como a principal espécie, o crescimento de novas variedades e a necessidade de impulsionar os peixes nativos são desafios e oportunidades para os próximos anos. Com planejamento e incentivo ao setor, o Brasil pode não apenas ultrapassar a marca de 1 milhão de toneladas, mas também consolidar sua posição como um dos grandes produtores de pescado do mundo.
Fonte: Texto Comunicação