Lula defende soberania latino-americana e reafirma compromisso com a “zona de paz”
Publicado em 20/10/2025 às 17:48
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, nesta segunda-feira (20), a soberania da América Latina e afirmou que é prioridade manter a região como uma “zona de paz”. A declaração foi feita durante cerimônia no Palácio do Planalto, em que o chefe do Executivo recebeu as credenciais de 28 novos embaixadores no Brasil.
“Somos um continente livre de armas de destruição em massa, sem conflitos étnicos ou religiosos. Intervenções estrangeiras podem causar danos maiores do que o que se pretende evitar”, afirmou Lula aos diplomatas, em discurso que também criticou a atuação de potências de fora da região.
Segundo o presidente, a América Latina vive “um momento de crescente polarização e instabilidade”, o que reforça a importância de fortalecer o diálogo e o multilateralismo.
“Vocês serão tratados com a atenção e o respeito de amigos de longa data. Queremos mostrar ao mundo que precisamos fortalecer o multilateralismo, baseado em relações cordiais, comerciais, econômicas e, sobretudo, pacíficas — sem ódio, sem negacionismo e respeitando a democracia e os direitos humanos”, completou.
Recentemente, o Brasil e a maioria dos países latino-americanos expressaram “profunda preocupação” com a movimentação militar “extra-regional” no Caribe — uma referência indireta ao envio de navios, submarinos e militares pelos Estados Unidos à costa da Venezuela.
Diferentemente do habitual, quando as credenciais são entregues em reuniões privadas, a solenidade desta segunda-feira foi coletiva, em razão da agenda presidencial.
Lula destacou ainda o papel da política externa em seu governo, lembrando que já visitou 37 países em seu terceiro mandato. O presidente citou também dois eventos multilaterais que ocorrerão no Brasil ainda este ano: a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em novembro, e a Cúpula do Mercosul, em dezembro.
A partir desta segunda-feira, passam a atuar oficialmente no país os representantes de El Salvador, Albânia, Camboja, Tailândia, Tanzânia, Belarus, Quênia, Omã, República Dominicana, Burkina Faso, Bangladesh, Mauritânia, Sudão, Senegal, Uruguai, República Democrática do Congo, Suíça, Países Baixos, Bélgica, Emirados Árabes Unidos, Irlanda, Zâmbia, Áustria, Finlândia, Malásia, Gana, Líbano e Sri Lanka.
Na diplomacia, a nomeação de um novo embaixador é precedida por uma consulta ao país que o receberá — o chamado agrément. Após a aprovação, o diplomata assume o posto oficialmente ao entregar as credenciais enviadas por seu chefe de Estado. A apresentação desses documentos ao presidente da República é uma formalidade essencial: sem ela, o embaixador não pode representar seu país em audiências ou eventos oficiais.
Fonte: Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil