Setor agropecuário alerta para prejuízos com tarifa dos EUA e pede prorrogação da medida
Publicado em 16/07/2025 às 08:22

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Representantes do setor agropecuário reuniram-se nesta terça-feira (15), em Brasília, com ministros do governo federal para discutir os impactos da decisão dos Estados Unidos de elevar para 50% as tarifas de importação sobre produtos brasileiros. Durante o encontro, produtores manifestaram apoio às negociações conduzidas pelo governo, mas alertaram para os prejuízos iminentes caso o tarifaço entre em vigor a partir de 1º de agosto.
A reunião foi liderada pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, e contou com a participação do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro. Setores como pecuária, pesca, fruticultura e cafeicultura estiveram representados.
Carne bovina: exportações inviabilizadas
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Roberto Perosa, afirmou que a nova tarifa tornaria inviável a exportação de carne bovina para os Estados Unidos. Segundo ele, frigoríficos já suspenderam parte da produção, mas cerca de 30 mil toneladas de carne ainda estão em trânsito ou nos portos aguardando embarque.
“Nossa sugestão imediata é pela prorrogação do início da taxação. Existem contratos em andamento. Já somos taxados em cerca de 36%. Com os 50%, a exportação se tornaria insustentável”, alertou Perosa.
Manga: colheita em risco e falta de alternativas logísticas
Guilherme Coelho, presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas (Abrafrutas), relatou o impacto direto sobre os produtores de manga. Segundo ele, a safra foi planejada há seis meses com 2,5 mil contêineres já contratados para exportação ao mercado norte-americano.
“Não podemos simplesmente redirecionar essa manga para a Europa — não há logística para isso neste momento. Tampouco podemos despejar no mercado interno, o que causaria colapso. É urgente uma definição”, afirmou. Coelho elogiou a atuação do governo federal e reforçou a necessidade de flexibilidade nas negociações.
Laranja: mercado americano é essencial
O presidente da CitrusBR (Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos), Ibiapaba Netto, afirmou que cerca de 70% do suco de laranja importado pelos EUA tem origem brasileira. Ele destacou que 40% das exportações do setor têm como destino o mercado americano.
“Confio no bom senso e no pragmatismo das autoridades para avançarmos com o diálogo e alcançarmos um bom resultado para ambos os países”, declarou.
Café: competitividade brasileira ameaçada
O presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcio Ferreira, também participou da reunião. Ele ressaltou que 33% do café consumido nos Estados Unidos é brasileiro.
“O café do Brasil é valorizado por seu sabor e qualidade. O consumidor norte-americano reconhece isso. Agradecemos o esforço do governo em defender o setor e ampliar mercados. Estamos confiantes de que encontraremos uma solução que beneficie a todos”, concluiu.
Fonte: Agência Brasil