Santa Teresa fica entre as 5 cidades brasileiras com mais registros no Desafio Mundial da Natureza Urbana

Publicado em 07/05/2025 às 15:35

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Orelha-de-onça (Pleroma heteromallum) Foto: Paulo Gonella

Com menos de 25 mil habitantes, a cidade contribuiu com 9.159 registros de plantas, animais e fungos, ajudando a identificar 1.880 espécies diferentes, competindo com grandes centros urbanos

Em sua primeira participação no Desafio Mundial da Natureza Urbana, o município capixaba de Santa Teresa se destacou entre as cidades brasileiras participantes. Com menos de 25 mil habitantes, a cidade alcançou o top 5 nacional tanto em número de observações quanto em diversidade de espécies registradas, competindo com grandes centros urbanos como Curitiba, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo.

Entre os dias 25 e 28 de abril, os 101 participantes locais contribuíram com 9.159 registros de plantas, animais e fungos, ajudando a identificar 1.880 espécies diferentes. O Desafio é uma iniciativa internacional promovida pela plataforma iNaturalist, com o objetivo de estimular pessoas do mundo inteiro a observar e documentar a biodiversidade presente nas áreas urbanas. Criado em 2016 por equipes de ciência cidadã do Museu de História Natural do Condado de Los Angeles (NHM) e da Academia de Ciências da Califórnia (CAS), o evento surgiu como uma competição amigável entre Los Angeles e São Francisco. Desde então, se expandiu globalmente, mobilizando milhares de pessoas em prol do conhecimento e da preservação da natureza nas cidades.

aranha maria-bola (Nephilingis cruentata) Foto: Athos Souza

Em sua décima edição, realizada em 2025, o Desafio atingiu um marco histórico: mais de 3 milhões de observações foram registradas em todo o mundo durante os quatro dias do evento. A estreia de Santa Teresa foi coordenada por pesquisadores do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA). Até o dia 4 de maio, prazo final para cadastrar os registros feitos no período do Desafio, especialistas do INMA e usuários da plataforma iNaturalist já haviam validado cientificamente 579 espécies, com base na concordância entre observadores sobre a identificação — o que garante que esses dados possam ser usados por instituições de pesquisa.

“É muito gratificante ver que, já na nossa primeira participação, conseguimos não só mobilizar uma parcela da comunidade, mas também gerar dados surpreendentes”, destaca a pesquisadora Mariane Kaizer. “Essa validação mostra que a contribuição de cada participante pode ter um impacto direto na produção de conhecimento e na conservação da nossa biodiversidade. Que esse feito inspire outras cidades do Espírito Santo a se juntarem ao Desafio em 2026!”, incentiva Mariane Kaizer, pesquisadora do INMA.

Jacu (Penelope obscura) Foto: Fabrício Reis Costa

Mesmo passado o Desafio, as observações continuam sendo analisadas pelos pesquisadores, melhorando as identificações e gerando dados cada vez mais precisos sobre a biodiversidade de Santa Teresa. Entre os registros, já foram identificadas, por exemplo, várias espécies de insetos endêmicas da Mata Atlântica – aquelas que só ocorrem nesse bioma -, como as cigarrinhas Aulacizes erythrocephala, Mahanarva rubripennis, Tunaima pellucens e Versigonalia ruficauda. “Esses dados de ciência cidadã são muito valiosos para a ciência. Podemos conhecer melhor a distribuição das espécies, saber mais sobre onde e como elas vivem e até encontrar espécies ainda desconhecidas para os cientistas”, destaca Danilo Cordeiro, pesquisador do INMA.

Entre os mamíferos registrados durante o Desafio, destacam-se espécies ameaçadas de extinção, como o guigó-mascarado (Callicebus personatus) e uma espécie de veado. A presença da lontra (Lontra longicaudis) no córrego que corta a cidade também foi registrada, evidenciando a necessidade de preservar habitats naturais em ambientes urbanos.

Falcão da espécie Falco deiroleucus/Foto: Lara Marrochi

Destaque individual
Com 809 registros realizados, um morador de Santa Teresa figurou entre os dez maiores observadores do Brasil na edição 2025 do Desafio, evidenciando o engajamento da comunidade local. Os registros de Athos Souza envolvem 299 espécies, o que o coloca em terceiro lugar no ranking nacional. “Ficar entre os 10 melhores no desafio nacional do iNaturalist foi uma experiência especial, que reforça como a ciência cidadã une paixão, propósito e aprendizado na valorização da biodiversidade. Que mais pessoas se sintam inspiradas a observar e proteger a natureza todos os dias”, incentiva Athos.

Cientista cidadã
Um falcão da espécie Falco deiroleucus, considerada quase ameaçada de extinção, foi registrado pela estudante Lara Marrochi, que cursa a segunda série do Ensino Médio. “Eu estava com meus amigos jogando bola no bairro, e um ‘negócio’ preto bateu na grade e caiu. Eu pensei que fosse uma coruja, mas, chegando lá, me deparei com o falcão. Eu não sabia que era um falcão, porque não sou especialista em aves. Quando ele bateu na grade e caiu, logo pensei em tirar uma foto para a aula de biologia. Eu fiquei um tempo assimilando porque é uma ave linda. E agora estou surpresa em saber que eu encontrei uma espécie que está ameaçada”, conta a estudante.

“Registros como esse ajudam a entender como estão as populações dessas espécies e a avaliar estratégias para sua conservação”, explica a ornitóloga Flávia Chaves, pesquisadora do INMA. Lara conheceu o aplicativo iNaturalist por causa do Desafio, numa ação do INMA na escola onde estuda, e ficou animada com os resultados e agora pretende contribuir com novos registros. “Eu gosto muito de natureza e dos animais, e gosto de registrar o que encontro. O Desafio foi uma oportunidade para eu colocar as minhas fotos, e saber do uso delas é um motivo para fazer mais registros”, conta Lara.

“A participação de estudantes do Ensino Básico em iniciativas de Ciência Cidadã relacionadas à biodiversidade é importante para a formação de cidadãos que tenham um olhar mais atento para a natureza e para sua conservação”, ressalta Laura Braga, pesquisadora do INMA.

Curiosidades da natureza teresense
A mobilização para o Desafio permitiu que Skelosyzygonia spinipes, uma espécie rara de vespas-serra, fosse, pela primeira vez, inserida no iNaturalist. Essa espécie tinha registros apenas para os estados do Rio de janeiro e São Paulo, segundo dados do Catálogo Taxonômico da Fauna do Brasil. “Agora sabemos que também ocorre em Santa Teresa. Esses achados podem fomentar novas pesquisas sobre espécies como essa na Mata Atlântica”, destaca Thiago Mahlmann, curador da coleção de invertebrados do INMA.

Durante o Desafio, a espécie mais observada no município foi a aranha Nephilingis cruentata, popularmente conhecida como maria-bola — uma espécie inofensiva, frequentemente encontrada em telhados da região, exótica para nosso bioma. Já o segundo lugar ficou com o simpático jacu (Penelope obscura), ave popular em Santa Teresa, especialmente comum no Parque do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão. Entre as plantas, o destaque foi o arbusto de flores roxas orelha-de-onça (Pleroma heteromallum), espécie nativa e amplamente registrada pelos participantes.

Fonte: INMA

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