Rede elétrica volta a causar acidentes em Domingos Martins
Publicado em 24/01/2025 às 05:10

Texto: Bruno Caetano / Foto: Divulgação
Menos de um mês após a morte de Nivaldo Pereira, de 72 anos, em decorrência de um fio de alta tensão caído, outro incidente envolvendo a rede elétrica foi registrado na mesma região, em Alto Jucu, Domingos Martins, na última sexta-feira (17). Desta vez, um animal da família do senhor Nivaldo foi atingido por um fio terra que estava no chão, sofrendo ferimentos graves em uma das patas.
Filha de Nivaldo, Graça Pereira relata que a rede elétrica continua em condições “alarmantes”. “Já foi uma vida, não foi feito nada. Agora aconteceu isso com o animal do meu irmão. Se nada for feito, não vai ficar só na morte do meu pai”, desabafa.

Ao ser procurada pela equipe do portal Montanhas Capixabas, a EDP, concessionária responsável pela energia elétrica na região, informou, por meio de nota, que não confirma o ocorrido. “O serviço de recomposição da rede elétrica, incluindo a normalização do fornecimento de energia, foi finalizado no dia 28 de dezembro e após essa data não há registros de ocorrência envolvendo animais na região”.
Além disso, a nota ressaltou que “Uma equipe técnica da EDP esteve no local na tarde de terça-feira (21), e não foi identificada nenhuma anormalidade na rede elétrica da concessionária”.
No entanto, a filha contesta a versão apresentada pela empresa e aponta problemas e perigos constantes na região. “São mais de cinco quilômetros de rede funcionando com apenas um fio, o mato encostando nos cabos e os fios terra espalhados pelo chão. Foi justamente um desses fios que causou o acidente com o animal na semana passada. Há fios também pendurados tão baixos que uma pessoa facilmente poderia tocá-los”, afirma a filha.
Ela também destaca que, embora a empresa afirme que o problema foi resolvido, a falta de manutenção continua evidente. “Ligamos para reclamar sempre que a energia acaba, o que ocorre frequentemente. Eles vêm, religam o fusível e vão embora, sem realizar manutenção alguma. Antes da morte do meu pai, os técnicos estiveram aqui, foram avisados sobre o fio caído, mas cortaram apenas uma árvore que estava perto. O fio continuou no chão e acabou causando a tragédia”, lembra.

Moradores reforçam os pedidos de melhoria
Coordenadora da Comunidade da Paz e moradora da região há 30 anos, Genira Kuhn Pothin, também denuncia o descaso. “Boa parte dessa rede passa por dentro de matas. São postes antigos, instalados há mais de 40 anos, e os fios estão em condições deploráveis. Fizemos pedidos há vários anos, porém nunca houve melhorias. A falta de manutenção é um risco constante, especialmente porque realizamos grandes eventos na região e a falta de energia é um problema recorrente”, destaca.
Genira lamentou a morte de Nivaldo Pereira e reforça o pedido por ações efetivas. “Essa tragédia poderia ter sido evitada. Como vizinha e amiga da família, me solidarizo com eles e apoio todas as iniciativas para exigir melhorias na rede elétrica. É essencial ser implementada uma rede adequada e que a manutenção seja realizada regularmente”, conclui.

Diante da falta de ação da concessionária, Graça Pereira afirma que estar ajuizando uma ação Ministério Público, solicitando uma intervenção urgente a fim de garantir a segurança da rede elétrica na região. “Já entregamos documentos e fotos para o meu advogado. É inadmissível que, mesmo após uma morte, nada tenha sido feito. Precisamos que o Ministério Público exija as melhorias. Do jeito que está, é questão de tempo até uma nova tragédia acontecer”, afirmou.
Apesar das declarações da EDP, os moradores seguem apreensivos e críticos. “Eles dizem não haver anormalidade, mas os problemas estão aqui, visíveis a todos. O fio que feriu o animal ainda estava no chão e, mesmo após a tragédia com meu pai, nada foi feito para evitar novos acidentes. A realidade não corresponde ao que a empresa diz”, conclui a filha de Nivaldo Pereira.