Martinenses que moram na Itália relatam apreensão por conta do coronavírus
Publicado em 11/03/2020 às 16:54
Martinenses que moram na Itália relataram a apreensão vivida no país europeu, após o governo determinar que ninguém pode sair de suas casas sem autorização, devido ao alto número de casos de coronavírus (Covid-19). São mais de 630 mortes por causa da doença no país. Os principais pontos turísticos da Itália, como o Coliseu e a Basílica de São Pedro, em Roma, estão fechados para visitas.
Fábio Réboli, que mora em Valdobbiadene, na província de Treviso, na região do Vêneto, relatou, na manhã de hoje (11), que há uma grande apreensão em toda a cidade. Segundo ele, os ônibus estão circulando vazios. O s poucos passageiros não estão tendo contato com o motorista e estão entrando pela porta traseira, sem a necessidade de pagar passagens.
“Hoje pela manhã vim até a capital de Treviso, e a cidade está vazia. Os órgãos públicos estão funcionando com um vidro entre a atendente e o morador. Onde moro está um pouco mais tranquilo, por ser mais afastado da capital. Os mercados ainda estão abertos, mas os atendimentos são com precaução. Estou tomando vitaminas e me alimentando bem, para estar saudável e resistente à doença, mas estou tranquilo”, destacou.
Ele ainda relatou que as pessoas estão usando máscaras, nas ruas, e mantendo distância em locais públicos. “Estão todos com muito medo. Na capital da província de Treviso também tem muitos chineses, o que deixa os moradores ainda mais preocupados. Fui a um órgão público, como o Detran daí, e o atendimento está sendo feito com muita cautela, e só entra na repartição de duas em duas pessoas”, descreveu.
Segundo Fábio, a determinação é que os locais públicos, como escolas, fiquem fechados até 3 de abril. Com a determinação do governo italiano, mais de 60 milhões de pessoas estão de quarentena em suas cidades. Vôos também estão sendo cancelados para a Itália, já que o país entrou em alerta vermelho.
Formatura adiada devido ao coronavírus
Foto: Lara Maamoun
A estudante Camila Degen, que saiu de Domingos Martins em 2017 para estudar na Itália, gravou um vídeo para o Portal Montanhas Capixabas, relatando um pouco da apreensão no país. Ela concluiu o mestrado de Turismo e Spettacolo, na Universidade de Messina, na cidade com o mesmo nome, na região de Sicília, que é uma ilha localizada no Sul da Itália.
Camila contou que a formatura dela estava prevista para ser realizada no próximo dia 25, mas ela não sabe mais como será a cerimônia, já que as aulas estão todas suspensas na Itália. “A apresentação da tese do meu mestrado será feito online. Só estamos saindo de casa em caso de necessidades muito urgentes, como problemas de saúde médica grave”, disse.
Ela ainda contou que se o morador tiver com sintomas do coronavírus, como febre alta e tosse, os médicos vão até a residência, para avaliar o paciente. “Não podemos sair de casa sem autorização. Se estivermos na rua e a polícia nos parar, e não tivermos autorizados, podemos pagar uma multa”, contou.
Camila ganhou uma bolsa de estudos para cursar mestrado na Itália, e o Montanhas Capixabas registrou, em 2017, a história da jovem, que morava em Domingos Martins. Na época, ela fez uma vaquinha pela internet para arrecadar dinheiro para morar na Itália.
Clique aqui e leia a matéria feita em 2017!
Ruas vazias na Itália e vôos cancelados
Ontem (10), a Itália amanheceu com as ruas desertas, após o governo ampliar as medidas de restrição de deslocamento para todo o país em uma tentativa de conter o pior surto de coronavírus da Europa. Os vôos para a Itália estão sendo cancelados.
Foto: Alberto Pizzoli/AFP
O país tem o maior número de casos de Covid-19 fora da Ásia: são 10.149 pessoas confirmadas com a doença e, até na manhã de hoje, haviam sido registradas mais de 630 mortes. O premiê italiano, Giuseppe Conte, não descarta a adoção de medidas mais restritivas para combater a expansão do coronavírus no país.
Nesta quarta-feira, a Itália vive o segundo dia de bloqueios. Fotos de agências voltam a mostrar as ruas desertas. Ontem, os pontos turísticos de Roma, incluindo a Fontana de Trevi e o Panteão, estavam quase totalmente vazios. O Vaticano fechou a Praça de São Pedro e a Basílica de São Pedro para os turistas. A polícia pediu que turistas voltassem aos seus hotéis.
O governo solicitou que todos os italianos de todo o país fiquem em casa e evitem viagens não-essenciais até o dia 3 de abril. Embora a Lombardia (norte) responda por 74% das mortes provocadas pelo vírus na Itália, a doença chegou a todo o país e o governo teme que, se o quadro piorar, o sistema de saúde no sul, menos preparado, entre em colapso.
Veja quais são as medidas colocadas em prática em todo o território italiano na terça-feira (10):
– Circulação de pessoas entre cidades fica restrita a motivos relacionados a trabalho ou saúde. Os passageiros devem ter uma declaração com a justificativa da viagem, que pode ser checada;
– Proibição de reuniões públicas, inclusive cerimônias religiosas como funerais e casamentos
– Fechamento de bares e restaurantes deve ocorrer no máximo até as 18h
– Fechamento de escolas e faculdades
– Suspensão de todos os eventos esportivos, incluindo futebol
– Limitação de visitas em hospitais e outras unidades de saúde