Lula afirma que governo tem apoio popular para enfrentar sanções de Trump
Publicado em 11/07/2025 às 16:40

Foto: Ricardo Stuckert/PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (11) que o Brasil não aceitará intimidações do ex-presidente norte-americano Donald Trump, após o anúncio da imposição de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos. A declaração foi feita durante evento em Linhares, no Espírito Santo, onde o governo federal lançou um programa de indenização a atingidos pelo rompimento da barragem de Mariana (MG).
“Esse país não baixará a cabeça para ninguém. Ninguém porá medo nesse país com discurso e com bravata. E, nesse aspecto, vamos ter o apoio do povo brasileiro, que não aceita nenhuma provocação”, declarou o presidente.
A medida do governo dos EUA gerou forte reação de diversos setores da sociedade brasileira, incluindo empresários, sindicatos, parlamentares e movimentos sociais.
Resposta com base legal
Durante o discurso, Lula voltou a defender a aplicação da Lei de Reciprocidade Econômica, caso as tentativas de negociação com o governo norte-americano fracassem. O presidente também rebateu a justificativa usada por Trump, de que os EUA acumulam prejuízo comercial com o Brasil.
“Entre comércio e serviço, nós temos um déficit de US$ 410 bilhões com os EUA nos últimos dez anos. Eu que deveria taxar ele. Está mal informado”, afirmou Lula.
Acusações contra Bolsonaro
Lula também direcionou críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por liderar uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022. Segundo Lula, Bolsonaro teria articulado com aliados a imposição de sanções ao Brasil como forma de interferir no processo judicial que enfrenta no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Que tipo de homem é esse que não tem coragem de enfrentar o processo de cabeça erguida? Quem está denunciando ele não é o PT, são os generais e o ajudante de ordens dele”, disse o presidente.
O presidente ainda ironizou o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, que se licenciou do mandato e viajou aos Estados Unidos.
“O ‘coisa’ mandou o filho, que era deputado, se afastar da Câmara para ir lá ficar pedindo: ‘Ô Trump, pelo amor de Deus, salva meu pai’. É preciso que essa gente crie vergonha na cara”, afirmou Lula.
Tentativa de golpe
Segundo a PGR, Bolsonaro tentou anular o resultado das eleições presidenciais de 2022 e manter-se no poder, com apoio de militares. O plano incluiria até ações violentas contra autoridades, como o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Nas redes sociais, Bolsonaro elogiou Trump, classificou a sanção como consequência do “afastamento do Brasil dos compromissos históricos com a liberdade” e cobrou ações dos Poderes para restaurar a “normalidade institucional”. O ex-presidente nega as acusações.
Análise política
Para analistas, a sanção imposta por Trump tem viés político. A medida mira a atuação brasileira no grupo Brics, as discussões sobre regulação de plataformas digitais e busca interferir no cenário político e judicial interno do Brasil.
Fonte: Lucas Pordeus León – Repórter da Agência Brasil