Julgamento do caso Claudiele Effgen é adiado em Marechal Floriano
Publicado em 19/11/2019 às 13:43
Os familiares de Claudiele Effgen, que morreu atropelada por um carro em 2013, no centro de Marechal Floriano, estiveram no Fórum do município na manhã de ontem (18), às 9 horas, conforme estava agendado o julgamento da acusada do atropelamento. Porém, ao chegar ao local, a família de Claudiele obteve a informação de que tudo havia sido adiado.
O adiamento aconteceu devido a um pedido de desaforamento de julgamento, feito pelo advogado Nelson Moreira Júnior, que defende a acusada Silvana de Freitas Padilha Brito.
Um pedido de desaforamento de julgamento é feito quando há dúvida sobre a imparcialidade do júri, ou sobre a segurança pessoal do acusado. A família de Claudiele aguarda pelo julgamento de Silvana por quase sete anos. O júri popular deve acontecer em outro local, e não mais em Marechal Floriano.
A equipe de reportagem do Portal Montanhas Capixabas entrou em contato com o advogado de Silvana, que informou que o motivo desse pedido trata justamente da necessidade de se ter um julgamento justo e imparcial. “Durante o processo, várias reportagens foram feitas e o julgamento antecipado pela imprensa obrigou até o juiz a desentranhar do processo várias reportagens que incitavam o povo inclusive ao linchamento moral e pessoal da requerida”, informou Nelson Moreira Júnior.
Segundo o advogado, “um júri não pode ser realizado numa comarca onde a imprensa tenta condenar as pessoas antes do júri. Isso não é Justiça. Os jurados, sob juramento legal devem atentar-se para o conteúdo processual e não jornalístico. Assim, baseado no ato de imparcialidade praticado pela Justiça local, foi feito o pedido de desaforamento”, destacou o advogado.
Assista aqui com exclusividade os depoimentos das irmãs e do cunhado vítima, que emocionados, falaram sobre o desejo de justiça e sobre o adiamento do julgamento, o que segundo eles, só prolonga a dor que sentem pela perda de um ente querido:
O atropelamento
O incidente ocorreu em 2013, quando, segundo informações de testemunhas e da Polícia Militar (PM), Claudiele, 27 anos, seguia na lateral da rua Gustavo Hertel, na Sede de Marechal Floriano, quando a vítima foi atingida pelo Gol, placas (MTA-2749), dirigido por Silvana de Freitas Padilha Brito.
A condutora, à época, disse à PM e ao delegado que foi fechada por um caminhão e precisou jogar seu carro para a direita, atingindo Claudiele. Entretanto, ninguém confirmou a versão da motorista. Após o atropelamento, o Gol bateu em um poste e teve a dianteira amassada.
A vítima ainda chegou a ser atendida no Hospital Doutor Arthur Gerhardt, em Campinho, Sede de Domingos Martins, e em seguida foi encaminhada para o Hospital São Lucas, em Vitória. Segundo os parentes de Claudiele, ela passou por uma cirurgia, mas quatro dias após o ocorrido, ela veio a óbito.
De acordo com o delegado Walter Barcelos, que esteve à frente do inquérito, não havia mais dúvida de que se tratava de um homicídio e não de um atropelamento. “Não tenho dúvidas de que se trata de um homicídio doloso, quando há a intenção de matar”, contou o delegado naquela ocasião.
Quatro dias antes do atropelamento, a irmã de Claudiele, Claudimara Effgen, registrou uma denúncia na Polícia Civil de Marechal Floriano contra Silvana. No Boletim de Ocorrência (BO) consta que Silvana invadiu a casa da família de Claudiele acusando-a de ter um caso com seu marido.