Jovem de Santa Leopoldina se encontra com Príncipe William durante o maior programa ambiental do mundo
Publicado em 11/11/2025 às 08:24
Texto: Bruno Caetano/ Foto: Arquivo pessoal
Aos 18 anos, o capixaba Arthur Pittol Potratz já carrega uma trajetória inspiradora que o coloca entre os jovens líderes ambientais mais promissores do país. Natural de Santa Leopoldina, nas montanhas do Espírito Santo, ele foi um dos 50 brasileiros selecionados, para participar do Generation Earthshot: Leadership Programme 2025, um programa internacional da The Earthshot Prize Foundation, criada em 2020 pelo Príncipe William.
Considerado o “Nobel do Meio Ambiente”, o Prêmio Earthshot tem como missão mobilizar uma década de ações em prol do planeta. A fundação premia e apoia iniciativas que buscam soluções inovadoras para os principais desafios ambientais da atualidade.
Arthur integrou o grupo de 75 jovens líderes climáticos de todo o mundo selecionados para esta edição do programa, realizada pela primeira vez nas Américas, entre os dias 2 e 5 de novembro, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. Lá, os participantes tiveram acesso a oficinas, palestras e vivências com foco em liderança autêntica, storytelling e networking, ferramentas essenciais para quem busca atuar de forma estratégica e transformadora na pauta ambiental. Arthur teve a oportunidade de estar com William.


Do campo às causas globais
Atualmente, o jovem vive no Instituto Terra, em Aimorés (MG), organização fundada por Lélia e Sebastião Salgado, referência mundial em restauração ambiental. No local, ele cursa o Pós-Técnico em Restauração de Ecossistemas pelo Núcleo de Estudos em Restauração Ecossistêmica (NERE). A experiência tem aprofundado seu compromisso com o futuro do planeta e reforçado a importância de agir localmente para provocar impactos globais.
“Desde pequeno eu vivia em áreas rurais e percebia a importância da terra para a produção de alimentos. Quando entendi o que era o aquecimento global, soube que precisava fazer algo”, conta. O interesse pelo tema surgiu ainda na adolescência, mas foi no IFES – Campus Centro-Serrano, em Santa Maria de Jetibá, onde cursou o técnico em agricultura, que Arthur começou a transformar a curiosidade em ação concreta.
A descoberta da agroecologia como caminho possível despertou nele uma nova forma de enxergar a relação entre o ser humano e a natureza. “Estudar agroecologia me mostrou que existem alternativas sustentáveis e produtivas. É uma saída real para os problemas que minha geração enfrentará”, explica.


No Instituto Terra, o jovem se inspira diariamente nas ações que transformaram paisagens degradadas em florestas e áreas produtivas. “Ver de perto o impacto positivo do Instituto me faz ser resiliente na causa. Aprendo na prática a restaurar ecossistemas e a importância de compartilhar esse conhecimento nos espaços de educação ambiental”, afirma.
Arthur conta que um dos momentos mais marcantes durante o Generation Earthshotfoi o encontro com o Príncipe de Gales, fundador da iniciativa. No dia seguinte, ele e outros jovens participaram como voluntários na organização Gastromotiva, servindo refeições para pessoas em situação de rua no Rio de Janeiro. “Foi um contraste poderoso. Conversar com o Príncipe e, logo depois, atuar diretamente em uma ação social mostra o verdadeiro sentido da liderança: servir e transformar realidade”, explica.
Jovens que querem ser ouvidos
O capixaba também reflete sobre o simbolismo de ocupar um espaço internacional vindo de uma escola pública de uma cidade pequena. “É muito especial pensar que alguém do interior, que estudou em escola pública, pode alcançar esse tipo de oportunidade. Sempre lembro de onde venho antes de me posicionar como representante”, afirma.
Além da troca de experiências com jovens de diversas partes do mundo, Arthur destaca o poder transformador das conexões criadas. “Essas trocas nos fazem perceber que o jovem tem força e criatividade para propor soluções. O que precisamos é de espaços que nos ouçam e nos permitam agir.”
De volta ao Instituto Terra, ele já pensa em como aplicar os aprendizados do programa. “Quero contribuir com os projetos de educação do Instituto, trazendo os pontos que vivenciei no Earthshot. Já tive a honra de presidir a primeira MiniCOP do Instituto e pretendo ampliar espaços de fala e participação na região.”
Arthur também integra o projeto Terra Jovens, iniciativa voltada para a formação ambiental de jovens no Espírito Santo, e pretende seguir impulsionando essas ações locais. “A restauração é um ato de esperança. Cada árvore plantada é um lembrete de que ainda há tempo para mudar o curso da história.”
O reconhecimento internacional soma-se a outras conquistas importantes na trajetória do jovem. Ele é Líder de Sustentabilidade da organização Tocando em Frente, que combate a evasão escolar e cria oportunidades em escolas públicas de todo o país. Em 2024, foi nomeado Jovem Embaixador do Espírito Santo pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos e também é membro da comunidade da Academia de Líderes da América Latina (LALA).
Mesmo com tantas realizações, Arthur mantém os pés no chão e o olhar voltado para o futuro. “Recebi muitos comentários inspiradores por ser o mais novo do programa, mas isso só reforça que o tempo de agir é agora. Podemos começar pequeno, desde já, e crescer com as iniciativas que acreditamos”, conclui.