Incêndios florestais empobrecem a diversidade da Amazônia

Publicado em 13/12/2024 às 08:44

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Foto: Jader Souza/AL Roraima

Pesquisadores que estudam os impactos de queimadas na floresta identificaram o empobrecimento de espécies e a redução do estoque de carbono em áreas de transição entre a Amazônia e o Cerrado. O estudo, financiado pelo Instituto Serrapilheira, revelou uma diminuição de até 68% na capacidade de retenção de dióxido de carbono (CO₂) na biomassa de florestas impactadas repetidamente pelo fogo.

Sob a liderança de Fernando Elias, da Universidade Federal Rural da Amazônia, e Maurivan Barros Pereira, da Universidade Estadual do Mato Grosso, os cientistas analisaram 14 áreas florestais, divididas em três categorias: nunca impactadas pelo fogo, queimadas uma vez e queimadas múltiplas vezes. Em campo, coletaram dados como o número de espécies, a densidade de troncos e os estoques de carbono acima do solo.

“A Amazônia não está se transformando em uma grande savana, mas em uma floresta secundária, mais pobre, com menor estoque de carbono e menos indivíduos”, alerta Elias, destacando uma redução de até 70% nos estoques de carbono.

Cenas da Amazônia, por Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Risco de extinção

Para entender como a composição florística é afetada pelo fogo, os pesquisadores categorizaram as espécies como típicas do Cerrado, de ambientes florestais ou generalistas, que ocorrem em ambos os biomas. Elias explica que a savanização da Amazônia foi descartada, pois o número de espécies savânicas e generalistas permaneceu estável após o fogo, enquanto as espécies florestais, mais vulneráveis, declinaram significativamente.

“Espécies florestais raras podem ser extintas localmente, pois não possuem características de defesa contra o fogo, como casca grossa ou súber”, explica o pesquisador, destacando a gravidade para ecossistemas e populações locais.

Comprometimento dos serviços ecossistêmicos

O empobrecimento das florestas também representa uma ameaça global, comprometendo serviços ecossistêmicos como regulação de chuvas, sequestro de carbono, e polinização. “Florestas queimadas não conseguem fornecer os mesmos serviços de uma floresta prístina”, alerta Elias.

Cada área queimada não apenas emite gases de efeito estufa, mas também libera o carbono armazenado em suas árvores. Os estoques de carbono das áreas não queimadas foram estimados em 25,5 toneladas por hectare, enquanto áreas queimadas uma vez apresentaram 14,1 toneladas, e áreas queimadas múltiplas vezes apenas 8 toneladas.

Vulnerabilidade e contexto regional

As áreas estudadas estão localizadas na região conhecida como Arco do Desmatamento, nas divisas entre Amazonas, Pará e Mato Grosso. Essa região, mais seca que outras partes da Amazônia, é altamente vulnerável às mudanças climáticas e à degradação causada pela agropecuária. Elias destaca que muitas dessas áreas são tratadas como Cerrado, permitindo desmatamento de até 80%, apesar de abrigarem espécies amazônicas e elevado estoque de carbono.

Apoio e colaboração

O estudo “Mudanças Pós-fogo na Diversidade, Composição e Carbono das Árvores em Períodos Sazonais das Florestas no Sul da Amazônia” contou também com pesquisadores do Campus de Confresa do Instituto Federal de Mato Grosso e da Universidade de Exeter. O projeto foi financiado pelo Instituto Serrapilheira, que apoia projetos de ciência e comunicação da ciência no Brasil, investindo mais de R$ 90 milhões desde 2017.

Fonte: Fabíola Sinimbú – Repórter da Agência Brasil

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