Governo brasileiro avalia romper relações militares com Israel em resposta a ações em Gaza
Publicado em 13/06/2025 às 11:15

Foto: Roque de Sá
O governo brasileiro estuda a possibilidade de romper relações militares com Israel, em reação às ações do país na Faixa de Gaza, que o Executivo tem classificado como um genocídio contra o povo palestino. A informação foi confirmada pela Assessoria Especial da Presidência da República.
O assessor-chefe especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Celso Amorim, declarou à Agência Brasil que o Brasil precisa adotar medidas compatíveis com os princípios humanitários que sempre defendeu.
“Pessoalmente, acredito que a escalada dos massacres em Gaza, que constituem um verdadeiro genocídio com milhares de civis mortos, inclusive crianças, não pode ser minimizada. O Brasil deve agir, inclusive com medidas adequadas, de forma coerente com os valores humanitários e com o direito internacional”, afirmou Amorim.
Nesta semana, Amorim recebeu um grupo composto por 20 parlamentares e lideranças da sociedade civil, que solicitaram ao governo o rompimento das relações diplomáticas e comerciais com Israel.
No início do ano, o governo já havia cancelado uma compra de blindados israelenses, prevista pelo Ministério da Defesa, em decorrência do agravamento da situação humanitária em Gaza.
Apesar disso, o rompimento total das relações diplomáticas é considerado uma medida sensível e complexa, que pode afetar tanto brasileiros residentes em Israel quanto palestinos que dependem de canais diplomáticos com Tel Aviv. Por isso, o Executivo avalia que a suspensão de acordos e contratos na área militar seria uma resposta mais viável à escalada da violência, ao cerco imposto à Faixa de Gaza e à expansão dos assentamentos israelenses na Cisjordânia — considerados ilegais pelo direito internacional.
Pressão política e mobilização social
Após o encontro com Celso Amorim, a deputada federal Natália Bonavides (PT-RN), que articulou a reunião, afirmou que o governo pode anunciar nos próximos dias novas medidas sobre o tema.
“Estamos diante de um extermínio televisionado. O Brasil sempre teve um papel relevante nessa pauta, e o presidente Lula vem denunciando o genocídio desde o início. Viemos cobrar medidas concretas, como sanções, que são respaldadas pelo direito internacional. Naturalizar essa barbárie é abrir caminho para a expansão da maldade sem limites”, afirmou a parlamentar em publicação nas redes sociais.
A pressão pelo rompimento das relações com Israel tem ganhado força entre movimentos sociais e sindicais. As federações de petroleiros, por exemplo, têm pedido que a Petrobras suspenda a venda de petróleo para Israel. Em carta aberta ao governo, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) reforçaram o apelo.
“Há uma necessidade urgente de um embargo global de energia e armas para conter o genocídio, além de desmantelar o apartheid e a ocupação ilegal promovida por Israel. Cobrar responsabilização por crimes de guerra e impor sanções não é apenas um dever moral, mas uma obrigação legal de todos os Estados”, afirmaram as entidades em nota conjunta.
O movimento global Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), liderado por palestinos, vem há anos propondo boicotes contra Israel como forma de resistência à ocupação da Cisjordânia e ao bloqueio imposto à Faixa de Gaza desde 2007.
Israel, por sua vez, considera o BDS uma ameaça à sua existência e o acusa de buscar sua deslegitimação internacional, além de tentar prejudicar sua economia.
Fonte: Lucas Pordeus León – Repórter da Agência Brasil