Foi adiado o julgamento de médico acusado de assassinar miss Santa Maria de Jetibá
Publicado em 13/03/2025 às 09:18

Texto: Bruno Caetano / Foto: Arquivo pessoal
O que parecia o fim de quase uma década de espera por justiça, foi de frustação para familiares da pedagoga e miss pomerana Rayane Luiza Berger, assassinada aos 23 anos, na zona rural de Santa Maria de Jetibá, em 2015. O julgamento do médico Celso Luís Ramos Sampaio, acusado de assassinar a jovem, foi adiado na manhã desta quinta-feira (13). O julgamento seria realizado na nova sede do Fórum Criminal de Vitória, a partir de 8h.
O Tribunal do Júri para o julgamento de Celso Luís Ramos Sampaio foi adiado por decisão liminar do Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo (TJES), que deferiu recurso apresentado pela defesa do réu.
A defesa alegou que pediu ao Juízo da 1ª Vara Criminal de Vitória a inclusão nos autos de mídias contendo imagens de videomonitoramento. O pedido foi negado pela Justiça de primeiro grau, sob o argumento de que a defesa já teria conhecimento do conteúdo das mídias, além de não ter formulado o pedido na fase adequada do processo.
Contudo, a defesa recorreu ao Tribunal de Justiça, que acolheu o pedido, sob a alegação de que o julgamento perante o Tribunal Popular do Júri “poderia ensejar indevido cerceamento de defesa, podendo ocasionar prejuízos ainda maiores ao caso concreto, com a eventual ocorrência de nulidade do julgamento”.
“Dessa forma, o júri fica suspenso liminarmente, até que sejam tomadas as providências necessárias para saneamento do processo antes da designação de nova sessão perante o Tribunal Popular do Júri, conforme consta na decisão do TJES”, informou, em nota, o Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES).
Por meio da Promotoria de Justiça Criminal de Vitória, o MPES atua na acusação, buscando a condenação do réu por homicídio qualificado, considerando os agravantes de motivo fútil, recurso que dificultou a defesa da vítima e feminicídio, em situação de violência doméstica.
Entenda o caso Rayane Berger
Rayane Luiza Berger foi encontrada morta no dia 7 de junho de 2015, em um carro submerso em um rio próximo ao distrito de Alto Rio Posmosser, na zona rural de Santa Maria de Jetibá. Inicialmente tratado como acidente, o caso foi posteriormente identificado como homicídio premeditado.
De acordo com as investigações, o médico Celso Luís Ramos Sampaio teria dopado Rayane com um medicamento de uso controlado, golpeado sua nuca com um objeto contundente e, em seguida, colocado seu corpo no veículo para simular um acidente automobilístico. O local do descarte do corpo foi escolhido previamente pelo réu, que também visitou bares e restaurantes na tentativa de construir um álibi. Imagens de câmeras de segurança ajudaram a polícia a montar a cronologia dos acontecimentos.
O relacionamento entre a vítima e o acusado era conturbado, com relatos de separações e reconciliações frequentes. O MPES alega que uma das traições teria motivado Celso a planejar e executar o crime. A mãe de Rayane divulgou um vídeo nas redes sociais em que clama por justiça. “Cheia de vida, cheia de amor e sonhos”, diz Clarice Berger, ao descrever a filha Rayane.
Repercussão e defesa
O caso gerou grande comoção em Santa Maria de Jetibá e tem sido acompanhado de perto pela população. A mãe de Rayane manifestou sua esperança por justiça após quase uma década de espera. O julgamento foi transferido para Vitória devido às alegações da defesa sobre possíveis riscos à imparcialidade do júri na cidade onde ocorreu o crime.
A defesa de Celso sustenta que a morte de Rayane foi resultado de um acidente automobilístico, sem envolvimento externo, tese contestada pelo Ministério Público e pelas provas periciais.
O corpo, no entanto, foi encontrado sem cinto de segurança, com cortes profundos na nuca, e o carro estava trancado, sem marcas de frenagem e trafegava a baixa velocidade no momento do capotamento. Exames indicaram que a vítima tinha em seu sangue um sedativo anestésico de uso hospitalar, que provoca sono.
Fonte: MPES