Estudo da fauna mostra preservação de espécies ameaçadas em reserva de Domingos Martins
Publicado em 26/08/2018 às 13:00


O Instituto Brasileiro do Mar (Ibramar) divulgou o inventário da fauna preservada em sua Reserva Particular do Patrimônio Natural, denominada RPPN Uruçu Capixaba, localizada na região de Paraju e São Bento do Chapéu, em Domingos Martins. Foram identificadas todas as espécies de aves, anfíbios, répteis e mamíferos que habitam no local.
O estudo revelou a preservação de quatro espécies de aves que estão ameaçadas de extinção. O documento, que é um dos objetivos do Projeto Uruçu Capixaba, identificou que a maior riqueza foi registrada no grupo de aves, com 71 espécies catalogadas.
Também foram identificados 12 espécies de mamíferos, bem como anfíbios e répteis, com três espécies para cada. Os espécimes foram observados in loco, e não houve captura, coleta ou qualquer contato ou interação com os exemplares encontrados. Os registros foram feitos apenas por meio de fotografia manual e armadilhas fotográficas, sem o fornecimento de iscas ou atrativos à fauna.
Em relação às aves, o estudo registrou 44 espécies pertencentes à ordem dos passeriformes – popularmente conhecidas como passarinhos – e outras 27 pertencentes a táxons de não-passeriformes.
Este quantitativo representa 10,8% das espécies com ocorrência confirmada no Espírito Santo e 20,5% das espécies registradas para o município de Domingos Martins. Entre as espécies ameaçadas de extinção identificadas pelo estudo, duas (jacuguaçu e urubuzinho) estão presentes em lista estadual e outras duas (tucano-de-bico-preto e maracanã) em lista internacional.
Através do esforço amostral aplicado em campo foi obtido o registro de três espécies de anfíbios e de répteis, todas pertencentes a famílias distintas: sapo-da-mata e rã-do-folhiço (anfíbios) e lagartixa-da-mata, calango-de-muro e o teiú entre os répteis. As três espécies de anfíbios registradas são consideradas endêmicas da Mata Atlântica, enquanto somente a lagartixa-da-mata é nativa do bioma.
Em relação à mastofauna, foram registradas 12 espécies de mamíferos distribuídas em 10 famílias e seis ordens distintas. A grande maioria é comum e de ampla ocorrência no Brasil. Entre as espécies registradas, duas delas são consideradas endêmicas do bioma Mata Atlântica: Callithrix geoffroyi (sagui-da-cara-branca) e o Didelphis aurita (gambá-de-orelha-preta).
Quanto ao status de conservação, apenas uma espécie registrada apresenta problemas de declínio populacional, o Bugio (Alouatta guariba) presente na lista nacional de espécies ameaçadas de extinção, na categoria “criticamente em perigo”. No estudo, os primatas foram registrados apenas por meio de entrevistas com moradores locais, os quais relataram que, desde o período de epidemia da febre amarela ocorrida no Espírito Santo em 2017, os macacos não são mais avistados ou ouvidos na região. A suspeita é de que o vírus tenha dizimado a população de macacos.
INICIATIVA – O Projeto Uruçu Capixaba é desenvolvido na RPPN de mesmo nome e também nas comunidades de São Bento do Chapéu e Paraju (comunidade Recanto Feliz), todas no município de Domingos Martins. A iniciativa patrocinada pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, visa proporcionar medidas integradas de restauração florestal que irão permitir traçar estratégias de conservação das abelhas nativas, com destaque para a Melipona capixaba, conhecida como Uruçu Capixaba.