De cor vinho, bromélia rara é descoberta em rocha isolada no Espírito Santo
Publicado em 23/10/2025 às 08:00
Fotos: Vitor Manhaes/INMA
Uma nova espécie de bromélia foi descoberta no Espírito Santo. Batizada de Stigmatodon vinosus, a planta surpreende por sua beleza singular e por sua distribuição extremamente restrita. O alerta, no entanto, veio junto com a descrição científica: a espécie já foi classificada como Criticamente em Perigo de Extinção. A raridade foi encontrada por pesquisadores do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA) em um inselbergue (formação rochosa isolada) no município de Nova Venécia, norte do Espírito Santo.
A descoberta é resultado de uma expedição botânica liderada pelos pesquisadores Vitor Manhães e Dayvid Couto, do INMA, em colaboração com Elton Leme, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, e foi publicada nesta terça-feira (21), no periódico científico Phytotaxa.
Durante as coletas, os cientistas encontraram um exemplar com características morfológicas diferentes das demais espécies do gênero Stigmatodon. A planta foi cultivada até a floração, o que permitiu a análise detalhada de suas estruturas reprodutivas, fundamentais para confirmar a descrição de uma nova espécie.
O nome científico “vinosus” faz referência à tonalidade predominantemente vinho das grandes brácteas florais (estruturas próximas das flores, que atraem polinizadores e protegem os botões) e da inflorescência, um dos traços mais marcantes da espécie recém-descrita. Por sua coloração avermelhada e formato peculiar, os pesquisadores sugerem que a espécie seja popularmente chamada de “dama-escarlate”, em razão de seu aspecto semelhante ao vestido de uma dama.

“Esse tipo de descoberta reforça a importância dos inselbergues como refúgios de biodiversidade única”, destaca Vitor Manhães. “Mas sua fragilidade é extrema: qualquer alteração no uso do solo, mineração ou incêndios pode levar à extinção imediata de espécies como essa”, alerta Dayvid Couto.
O inselbergue onde Stigmatodon vinosus foi encontrado não está protegido por nenhuma unidade de conservação e sofre crescente pressão de atividades humanas nas redondezas. Por ocorrer em apenas um ponto geográfico conhecido, a espécie foi incluída na categoria Criticamente em Perigo (CR), segundo os critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
A descrição formal da nova bromélia foi publicada no Phytotaxa, acompanhada de ilustrações botânicas e análises comparativas com espécies próximas do gênero Stigmatodon. O artigo está publicado neste link.
Fonte: INMA