Crianças e adolescentes criam a primeira cooperativa mirim do Estado

Publicado em 19/10/2018 às 19:30

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No mês em que a cooperativa mais antiga do Espírito Santo completa 80 anos de fundação, três novas cooperativas foram criadas no Estado. E, se o dia 22 de outubro de 1938 marca o início da Cooperativa de Laticínios Selita, o dia 2 de outubro de 2018 também ficará na histórica do cooperativismo capixaba como o dia em que foi criada a primeira cooperativa mirim do Estado, a Cooperjetibá.

Crianças e adolescentes criam a primeira cooperativa mirim do Estado 10Essa modalidade de cooperativa, que já funciona em outros estados brasileiros desde 2010, é gerida por estudantes, sob a orientação de um professor, e tem o objetivo de proporcionar um aprendizado diferenciado. A reportagem do Montanhas Capixabas acompanhou a assembleia de constituição da Cooperativa Mirim Cooperjetibá, que foi criada por 37 alunos da Escola Educacional Centro-Serrana (Cooperação), em Santa Maria de Jetibá.

Toda a cerimônia de constituição e de aprovação do estatuto da cooperativa foi comandada pelos estudantes fundadores, e acompanhada por professores, familiares dos alunos e representantes de cooperativas apoiadoras e do Sistema OCB/ES.

Crianças e adolescentes criam a primeira cooperativa mirim do Estado 7Além da Cooperjetibá, também foram criadas a Cooperativa Educacional de São Gabriel da Palha (Coopesg) e a Cooperativa Educacional de Linhares (CEL). A coordenadora do programa na OCB/ES, a analista Josiani Mariano, conta que o trabalho de implantação das três cooperativas mirins no Espírito Santo iniciou em junho de 2017, com a visita da assessora de formação cooperativista da OCERGS/SESCOOP, Ubiracy Barbosa Ávila, que veio ao Estado a convite da OCB/ES para apresentar o programa para as cooperativas educacionais capixabas.

“Em seguida, foi realizado um intercâmbio no Rio Grande do Sul e a partir de agosto passei a escrever nossa própria metodologia, adequando à realidade do Estado. Com o projeto pronto, procuramos o Sicoob/ES para uma parceria estadual, que foi prontamente aceita e aí começamos a trabalhar as capacitações com os professores”, disse Josiani.

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OBJETIVOS – A criação das três primeiras cooperativas mirins do Espírito Santo contou com a assessoria do professor Everaldo Marini, da empresa Marini Coop, que já ajudou a criar mais de 130 cooperativas mirins em todo o Brasil, sendo 110 dessas diretamente, como é o caso das capixabas. Segundo ele, no Brasil há cerca de 170 cooperativas mirins. Everaldo esteve no Estado acompanhando as assembleias e as posses das diretorias formadas por estudantes.

Ele contou ao portal Montanhas Capixabas um pouco do que as cooperativas mirins podem contribuir na formação dos estudantes. “As cooperativas escolares, também conhecidas como cooperativas mirins em várias partes do Brasil, começaram efetivamente a partir de 2010. O foco não é a produção e avenda, mas sim o ensino ea aprendizagem”, destacou.

Segundo ele, as cooperativas mirins são consideradas laboratórios de aprendizagem. “O que eles aprendem vai muito além do cooperativismo; por exemplo, eles aprendem também sobre o empreendedorismo, a cidadania, a formação de liderança, a inclusão social, entre outros temas”, disse.

O professor enfatizou que não se pode confundir esse negócio que os estudantes vão produzir como trabalho infantil. “Para chegar até o produto da cooperativa, eles precisam conversar em assembleia sobre as ideias que eles têm, precisam ir a campo para realizar pesquisas de mercado, e criar esse negócio. Independente do produto que eles resolverem produzir ou criar, diversas disciplinas farão parte do trabalho”, explicou.

Para a criação da Cooperjetibá, os cooperados integralizaram o valor de R$ 10,00, dividido em duas parcelas. Esse valor vai ser investido no projeto de estudo, e quando o estudante sair da escola, receberá esse valor de volta. O professor Everaldo Marini contou como é a constituição da cooperativa.

A professora e orientadora da Cooperjetibá, Lucienne Miertschink, afirmou que os estudantes estão empenhados em gerir a nova cooperativa e colocar em prática o que será repassado em sala de aula. Ela contou que já percebeu mudanças no aprendizado. Além disso, ela explicou que os alunos já aprendem na sala de aula sobre cooperativismo.

depoimento 1Além do apoio do Sistema OCB/ES, o Sicoob, a Coopeavi e a Coopetransserrana também contribuíram para a formação da cooperativa mirim da Escola Cooperação. O Sicoob também contribuiu com a formação das outras duas cooperativas mirins no Estado: a Cooperativa Educacional de São Gabriel da Palha (Coopesg) e a Cooperativa Educacional de Linhares (CEL).

Jovens dirigentes trazem o cooperativismo de casa

Crianças e adolescentes criam a primeira cooperativa mirim do Estado 4

Eles têm 13 e 12 anos, mas a presidente e o vice-presidente da Cooperjetibá demonstram maturidade e envolvimento com o cooperativismo, tema que eles se espelham nos pais para gerir a primeira cooperativa mirim do Estado. O pai da presidente da Cooperjetibá, Lavinia Simon Jacob, 13 anos, participa de outras duas cooperativas.

“Meu pai é conselheiro fiscal do Sicoob e faz parte do Conselho Administrativo da Coopeavi. Ele ficou feliz por eu assumir a presidência da Cooperjetibá. Nesse final de ano, já vamos ter vários cursos, como o de finanças, e iremos escolher nosso objeto de estudo, que vai ser definido junto com todos os cooperados. No ano que vem, pretendemos trabalhar com o nosso objeto de aprendizagem, após participarmos de oficinas para criá-lo. Depois disso, vamos colocar no mercado. A cooperativa vai trazer a experiência de como é entrar no mercado de trabalho. Vai ser um aprendizado muito grande para quando sairmos da escola”, destacou.

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O estudante Richard Aigner Jacob, 12 anos, vice-presidente da Cooperjetibá, também relatou que sempre ouviu muito sobre cooperativismo. “Desde pequeno, eu já entendo o que é ser uma cooperativa, o que é fazer parte. Quando surgiu a ideia da cooperativa mirim, eu quis logo participar por iniciativa própria, mas eu sempre tive influência da minha mãe, que é professora da Cooperação, e do meu pai, que é coordenador. O objeto de aprendizagem da nossa cooperativa pode nos ajudar a entrar no mercado de trabalho no futuro”, acredita ele.

Sistema OCB/ES vai incentivar a criação de mais cooperativas mirins

O gerente de desenvolvimento cooperativista do Sistema OCB/ES, Rayner da Silva Santos, explicou que há vários anos já se tinha a intenção de criar cooperativas mirins no Estado. Para isso, há cerca de quatro anos, um grupo do Estado foi até Minas Gerais para conhecer um projeto parecido. Entretanto, a constituição das três primeiras cooperativas mirins teve início no ano passado.

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“Desde o início, começamos a identificar como poderíamos trazer um projeto deste para o Espírito Santo. Agora vemos esse sonho sendo realizado. Estamos tirando do papel esse sonho, esse desejo e essa vontade de trazer ao Estado um projeto que traz benefício não apenas para o cooperativismo capixaba, mas também estamos entregando à sociedade cidadãos melhores. Está faltando cooperação na sociedade. É com muita felicidade que o Sistema OCB entrega para o Estado a primeira cooperativa mirim”, destacou.

depoimento 5Segundo ele, o Sistema OCB/ES pretende fomentar e auxiliar a constituição de cooperativas mirins em várias partes do Estado. Rayner informou que um dos objetivos é levar aprendizado às crianças, e também ajudar a formar cidadãos melhores. Ele ainda lembrou que a Cooperjetibá é uma das poucas do Estado que tem uma mulher presidente de cooperativa.

“Vamos levar a cultura da cooperação para essas crianças. O cooperativismo capixaba também herdará, desses projetos, cooperados mais conscientes. É muito mais fácil educar as crianças, do que educar um adulto. Durante a assembleia de constituição, eles deram um exemplo de organização para muitas de nossas cooperativas. Vemos as cooperativas transformando vidas no mundo. E essas crianças, com o entendimento e com a prática da cooperação, além da doutrina sendo cada vez mais enraizada, sem dúvida, quando forem jovens e adultos, serão pessoas muito mais assertivas e preocupadas muito mais com o coletivo”, enfatizou.

A coordenadora do programa Cooperativa Mirim da OCB/ES, a analista Josiani Mariano, destacou que a ideia é que, a partir do próximo ano, sejam criadas novas cooperativas mirins no Espírito Santo. A intenção, segundo ela, é levar a proposta também a escolas que não são cooperativas.

Projeto estimula o empreendedorismo nos estudantes

Mãe da estudante Andy Luiza Boecker Percilios, estudante, 14 anos, Idarlete Boecker Percilios (Duda), afirma que a filha está envolvida na Cooperativa desde o início dos trabalhos. Segundo ela, os estudantes tiveram várias palestras e participaram de atividades extraclasse que servirão para a vida deles.

“O que minha família apreendeu sobre o cooperativismo, despertou nela a vontade de crescer e querer cada vez mais. O que mais gostei é a responsabilidade que cria no adolescente. A minha filha sempre gostou de ajudar e contribuir, não só com os colegas na sala, mas fora da escola. E esse projeto ajudou ainda mais a ela intensificar essa vontade. Além disso, depois de tudo o que ela aprendeu, ela já falou que quer abrir o próprio negócio. Com certeza, os alunos sairão da escola sabendo que não precisam depender apenas de serem empregados, mas podem ter seu próprio negócio e empreender”, afirmou.

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Andy contou que estuda na Cooperação desde o primeiro ano e que cresceu dentro de uma cooperativa. “O que aprendemos é muito importante para o nosso futuro. Os objetos de estudos da nossa cooperativa servirão para nos ajudar a crescer no mercado de trabalho e é muito importante para nosso convívio social. Quem fizer parte da cooperativa mirim sairá bem mais qualificado para o mercado de trabalho e será uma pessoa melhor no dia a dia, pois aprendemos os fundamentos do cooperativismo”, garantiu a jovem.

 

 

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