Café brasileiro resiste à ameaça de tarifas de 50% dos EUA
Publicado em 20/07/2025 às 10:20

Foto: Julio Huber
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) realizou ontem coletiva de imprensa para comentar sobre a proposta de taxação de 50% dos Estados Unidos – prevista para entrar em vigor em 1º de agosto – que incidiria sobre produtos brasileiros, incluindo o café. A entidade reforçou que não há previsão de interrupção nos embarques, uma vez que as negociações com autoridades norte-americanas já estavam em andamento desde a tarifa anterior de 10%.
“Sentimos que o café está avançado nas discussões… há um ambiente favorável nos EUA, pelo que o produto representa para a economia americana”, afirmou diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, destacando que o Brasil responde por cerca de um terço do café consumido diariamente nos EUA – aproximadamente 8 milhões de sacas em 2024.
Já Márcio Ferreira, presidente do conselho deliberativo, acrescentou que, apesar da incerteza, não se observa suspensão de embarques, apenas cautela na assinatura de novos contratos.
Enquanto isso, o setor enxerga chances reais de incluir o café em uma lista de exceções à tarifa americana, algo que já obteve apoio da National Coffee Association (NCA) dos EUA. No mercado, houve pressa para antecipar envios antes da tarifa subir. Traders estão redirecionando cargas armazenadas no Brasil, Canadá e México para o mercado norte-americano.
Cenário econômico e perspectivas
Analistas alertam que, mesmo diante dos entraves, o consumidor americano ainda prefere a receita com grãos brasileiros, especialmente para blends que combinam doçura e corpo, componentes difíceis de substituir por outras origens. Contudo, o impacto no preço final pode ser significativo, repercutindo na inflação doméstica nos EUA.
Do lado do governo brasileiro, há uma articulação diplomática intensa. Autoridades, incluindo o vice-presidente Geraldo Alckmin, têm buscado negociar – ou adiar – a aplicação da tarifa de 50% até 1º de agosto, apostando em acordos bilaterais conjuntos para mitigar potenciais impactos.
Fonte: Revista Negócio Rural