Brasil terá sete cardeais no Conclave; Dom Leonardo é citado como possível sucessor
Publicado em 05/05/2025 às 09:58

Foto: Freepik
Dom Leonardo Steiner é um dos sete brasileiros que participarão do Conclave para escolha do novo papa, que começa no dia 7 de maio. O arcebispo de Manaus chegou a ser citado pela agência Reuters como um dos possíveis sucessores de Francisco.
Um papa brasileiro é possível?
Apesar de o Brasil ser o país com o maior número de católicos no mundo, as chances de um brasileiro assumir o papado ainda são pequenas. Entre os 133 cardeais com direito a voto, apenas sete são brasileiros. Ainda assim, este será o Conclave com a maior participação de cardeais do país na história.
O arcebispo de Salvador, Dom Sérgio da Rocha, já apareceu em listas anteriores de possíveis papáveis, mas atualmente não figura entre os favoritos. Especialistas do Vaticano apontam que os principais nomes cotados para suceder Francisco vêm da Europa, da Ásia e da América do Norte — com destaque para o italiano Pietro Parolin.
Quem é Dom Leonardo Steiner?
Natural de Forquilhinha (SC), Leonardo Ulrich Steiner foi nomeado arcebispo metropolitano de Manaus em 2019. Em 2022, foi elevado ao cardinalato pelo próprio Papa Francisco, tornando-se o primeiro cardeal da Amazônia.
Nascido em 6 de novembro de 1950, ingressou na Ordem dos Frades Menores em 1972 e foi ordenado sacerdote por Dom Paulo Evaristo Arns em 1978. Formado em Pedagogia, é mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma, onde também concluiu o doutorado. De 1999 a 2003, atuou como secretário-geral da mesma instituição.
Ao retornar ao Brasil, exerceu o cargo de vigário na Paróquia Bom Jesus, em Curitiba, lecionou na Faculdade São Boaventura e foi nomeado bispo da prelazia de São Félix (MT) em 2005. Em 2011, assumiu como bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da CNBB, cargo que ocupou até 2019.
Em entrevista coletiva realizada em Manaus, Dom Leonardo destacou o legado de Francisco, especialmente seu compromisso com os pobres, as periferias e a misericórdia. Ele relembrou o Ano da Misericórdia, convocado em 2016, como um dos marcos do pontificado. Para Steiner, Francisco será lembrado como um “papa misericordioso”.
O cardeal informou ainda que aguarda, nos próximos dias, a comunicação oficial sobre o funeral do papa e o início do Conclave. Nesta terça-feira (22), ele celebrará uma missa em homenagem a Francisco na Catedral Metropolitana de Manaus, às 18h.
Como funciona o Conclave?
O Conclave — do latim cum clavis (“com chave”) — é o processo reservado e sigiloso da Igreja Católica para eleger um novo papa. Durante esse período, todos os cardeais eleitores ficam isolados no Vaticano, sem acesso a meios de comunicação externos.
As votações ocorrem na Capela Sistina. Para a eleição, é necessário que um candidato obtenha dois terços dos votos. São realizadas até quatro votações por dia — duas pela manhã e duas à tarde. Caso não haja consenso após três dias, os cardeais fazem uma pausa para orações. Se a indefinição persistir após 34 votações, apenas os dois mais votados permanecem na disputa, mas a exigência dos dois terços continua.
Quando um cardeal aceita ser eleito, escolhe um nome papal e veste a batina branca na chamada “Sala das Lágrimas”. Em seguida, é apresentado ao mundo a partir da sacada da Basílica de São Pedro, com o anúncio: “Habemus Papam” (“Temos um Papa”).
Cardeais brasileiros com direito a voto:
- Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus – 74 anos
- Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil – 65 anos
- Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e presidente da CNBB – 64 anos
- Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo – 75 anos
- Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro – 74 anos
- Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília – 57 anos
- João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília – 77 anos
O único brasileiro que não participará da eleição é o cardeal Raymundo Damasceno, arcebispo emérito de Aparecida, por ter mais de 80 anos. Mesmo assim, ele integrará o Colégio dos Cardeais, que se reúne para discutir temas urgentes da Igreja até a escolha do novo papa.