Além de salvar vidas, bombeiros realizam projetos sociais nas montanhas
Publicado em 26/01/2019 às 14:40


Há quatro anos no comando do 4º Batalhão do Corpo de Bombeiros Militar, com sede em Marechal Floriano, o tenente-coronel Roger Vieira do Amaral conta que a atuação da corporação nos municípios da região vai muito além de prestar atendimentos a acidentes automobilísticos e demais ocorrências nas quais é necessário o resgate de vítimas.
Em entrevista ao jornal O Noticiário, Amaral contou que também são feitas vistorias em áreas de eventos na região, em comércios, entre outras atividades atribuídas aos bombeiros. Entretanto, ele destacou a aproximação da corporação com escolas e instituições, como a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). Na semana do Natal, por exemplo, um Papai Noel chamou a atenção em Marechal Floriano e Domingos Martins, ao percorrer as cidades a bordo de um veículo do Corpo de Bombeiros.
PERFIL
Nome: Roger Vieira do Amaral, 43 anos
Cidade de Nascimento: Vitória
Formação: Estudou em Escola Técnica, iniciou Engenharia Civil na UFES e, entre 1994 e 1996, fez o Curso de Formação de Oficiais (CFO). Entre os principais cursos destacam-se: Perícia em Incêndios e Explosões, realizado em Brasília, e pós-graduação em Gestão Pública. É tenente-coronel há cinco anos.
O Noticiário – Qual a importância da presença e da atuação do Corpo de Bombeiros na região?
Roger Vieira do Amaral – Além de atendermos as ocorrências corriqueiras do dia a dia, como incêndios e acidentes automobilísticos, já que nossa região é cortada por uma rodovia federal, trabalhamos muito em outros dois vieses. Fazemos vistorias preventivas, principalmente em comércios e prédios novos, além de locais de festas e eventos, para evitar que ocorram sinistros. Em 2018, fizemos 2.097 vistorias e atendemos 936 ocorrências.
Também trabalhamos muito junto às comunidades e instituições da região. Em 2018, promovemos a “Semana Especial do Bombeiro”. O projeto foi feito junto à APAE de Domingos Martins e foi muito gratificante, tanto para os atendidos pela associação, quanto para os bombeiros que participaram.
E como foi esse projeto?
Nós fizemos uma reunião com a diretoria da APAE para organizarmos a ideia. Durante uma semana, levamos as crianças e pessoas especiais atendidas pela APAE para passar um dia no Corpo de Bombeiros. Eles acompanharam nossa rotina, participaram de algumas oficinas lúdicas, durante as quais explicamos um pouco do que fazemos, conheceram as viaturas, os equipamentos que usamos, lancharam com a gente e se encantaram.
Para nós foi uma experiência muito gratificante. Percebemos o quanto podemos fazer pelas pessoas. Algumas crianças que tinham dificuldades em movimentar os braços se empolgaram tanto que se movimentaram e superaram sua dificuldade.
E vocês pretendem continuar com esse projeto?
Muito mais do que isso. O comando-geral do Corpo de Bombeiros gostou tanto dos resultados que o projeto deve ser ampliado para todo o Estado. Isso é muito gratificante.
E durante o Natal, o que o Corpo de Bombeiros desenvolveu?
No dia 21 de dezembro fizemos o “Natal Solidário”. Com o apoio de algumas empresas da região, como o Barba Ruiva, a Cervejaria Ronchi Bier, a Cervejaria Trarko e o Supermercado Trarbach, conseguimos adquirir brinquedos que doamos para crianças carentes de Marechal Floriano e Domingos Martins.
Um Papai Noel, em cima de um jipe da corporação, entregou os presentes. Outras viaturas também acompanharam, e o movimento chamou a atenção por onde passamos. Também levamos o Papai Noel na APAE. Já realizamos essa ação há uns quatro anos. É importante a parceria de empresas para conseguirmos fazer um pouco de diferença na vida de muitas crianças.
Essas ações não são atribuições legais do Corpo de Bombeiros, então por que vocês decidiram fazer esses projetos?
Não é um papel constitucional, mas acho que é mais do que a nossa obrigação. Nossos salários e toda a nossa estrutura são pagos pelos impostos, e enquanto nós tivermos um tempo, acho que é uma obrigação essa aproximação com a comunidade, ensinar a prevenção e mostrar o que fazemos. Assim conseguimos evitar acidentes e incidentes dentro de casa, por exemplo.
Eu tenho 24 anos de serviço e sempre tive como meta na minha vida me aproximar da sociedade, já que a sociedade paga os impostos. Os bombeiros estão de portas abertas, e essa é nossa obrigação. Eu sou servidor público e, por isso, eu falo que eu que tenho que servir ao público, não o contrário.
E nesses anos de dificuldades financeiras em que os municípios, os estados e o Brasil passam, mais do que nunca, temos que trabalhar junto da sociedade, com planejamentos e com gestão. Trabalhar em um ambiente harmônico, onde o clima organizacional seja sempre elevado, é o que importa. O que faz o serviço público não são os equipamentos, as viaturas e os materiais, são as pessoas. E pessoas motivadas e felizes prestam um serviço de qualidade. E isso não só nos bombeiros, mas nas prefeituras, nos órgãos públicos em geral.
E esse perfil de trabalho reflete nos resultados em geral?
Com certeza. Fazemos semestralmente um questionário para verificar o clima organizacional e, logo que cheguei, identifiquei algumas coisas que precisavam ser mudadas. Nada mais necessário do que comunicação e atenção. Nesse mundo globalizado, as pessoas estão cada vez mais conectadas a redes sociais e se esquecem de conversar. E isso é extremamente importante.
Recebemos qualquer pessoa no Batalhão e ajudamos em tudo que tiver ao nosso alcance. E dando atenção e afeto às pessoas, isso reflete diretamente na qualidade do serviço prestado. Tenho recebido muitos elogios ao trabalho de todos os bombeiros, e isso é um reflexo do que estamos pontuando.
E para 2019, há alguma novidade?
Com a mudança do governo, agora com o governador Renato Casagrande, o comandante-geral mudou, agora vai ser o coronel Serqueira. E ele me convidou para atuar diretamente com ele na assessoria do comando. Mas eu pedi para ficar na região, que é essa terra que eu amo. Sou morador de Domingos Martins há 11 anos e sei que posso contribuir muito ainda. Vamos continuar com os projetos sociais, com as visitas às escolas e, em 2019, vamos tentar trazer novamente alguns treinamentos aos professores. Tem muitas coisas que vamos continuar e outras que vamos iniciar.