Governo deve anunciar plano de contingência contra tarifas dos EUA até terça, diz Alckmin
Publicado em 08/08/2025 às 08:41
Foto: Cadu Pinotti/Agência Brasil
O plano de contingência para apoiar setores brasileiros afetados pelo aumento de tarifas imposto pelos Estados Unidos deve ser anunciado até a próxima terça-feira (12), segundo afirmou nesta quinta-feira (8) o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
O pacote de medidas já foi apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que concluiu a análise do documento na noite de quarta (7). “O presidente vai bater o martelo e aí será anunciado. Se não for amanhã, provavelmente na segunda ou terça-feira”, disse Alckmin, durante entrevista no estacionamento do ministério.
Medidas setoriais e critério de exposição
De acordo com Alckmin, o plano terá foco nos setores mais afetados pela tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, adotada pelo governo de Donald Trump. A estratégia inclui uma “régua” para medir a variação de exportações dentro de cada setor, a fim de tornar o socorro mais preciso.
“Há setores em que mais de 90% da produção vai para o mercado interno, com exportações de até 10%. E há setores em que metade da produção é exportada — muitos com mais da metade voltada aos Estados Unidos. Esses são os mais expostos e, portanto, serão priorizados”, explicou.
Um exemplo citado pelo ministro é o setor de pescados, onde há diferentes níveis de dependência do mercado americano. “No caso da tilápia, o maior consumo é interno. Já o atum tem a maior parte da produção destinada à exportação”, detalhou.
Encontro com diplomata dos EUA
O vice-presidente também se reuniu, fora da agenda oficial, com o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar. Alckmin descreveu o encontro apenas como “muito bom”, sem dar detalhes. Antes da reunião com o vice-presidente, Escobar esteve com o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Nelsinho Trad (PSD-MS), e depois visitou a Câmara dos Deputados.
Setor de calçados e couro
Mais cedo, Alckmin recebeu representantes da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), setor diretamente impactado pelas tarifas. Segundo ele, embora os calçados sejam afetados, o impacto mais severo deve recair sobre o couro, insumo com alta dependência do mercado externo.
“O setor de calçados usa muita mão de obra e será afetado, mas mais do que o calçado, é o couro que preocupa. Mais de 40% da produção de couro é voltada à exportação”, afirmou.
Fonte: Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil