Governo Trump critica STF após prisão domiciliar de Bolsonaro e causa reação no Brasil
Publicado em 05/08/2025 às 17:12
Foto: Freepik
O governo dos Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump, voltou a interferir em questões internas do Brasil após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretar a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, por descumprimento de medidas cautelares impostas pelo Judiciário.
Pelas redes sociais, o Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental, vinculado ao Departamento de Estado dos EUA, criticou a decisão e ameaçou responsabilizar quem colaborar com o ministro.
“Deixem Bolsonaro falar! Os Estados Unidos condenam a ordem de Moraes que impôs prisão domiciliar a Bolsonaro e responsabilizarão todos aqueles que colaborarem ou facilitarem condutas sancionadas”, publicou o Escritório, associado ao governo Trump.
Nesta terça-feira (5), o órgão norte-americano compartilhou ainda um comentário do diplomata Cristopher Landau, ex-embaixador no Brasil e atualmente secretário-adjunto no Departamento de Estado:
“Os impulsos orwellianos do ministro estão arrastando sua Corte e seu país para o território desconhecido de uma ditadura judicial”, afirmou, em referência ao autor George Orwell, de 1984.
As declarações provocaram forte reação no Brasil. O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), classificou a manifestação como “inaceitável”.
“O Brasil não será protetorado de luxo nem neocolônia da extrema direita internacional. A independência conquistada em 1822 não será revogada por pressão estrangeira nem por sanções ideológicas articuladas por Eduardo Bolsonaro e seus aliados no exterior”, disse o parlamentar.
Entenda o caso
Jair Bolsonaro é réu em uma ação que investiga sua suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Ele é acusado de pressionar os comandantes militares a suspender o processo eleitoral, além de manter planos para prender ou assassinar autoridades — o que ele nega.
Paralelamente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, é investigado por articular, junto ao governo dos EUA, retaliações contra ministros do STF. Eduardo chegou a se licenciar do mandato e viajou aos Estados Unidos, onde passou a defender sanções internacionais contra o Supremo.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou a abertura de nova investigação para apurar possível tentativa de obstrução de processo penal.
Diante das sanções promovidas por aliados de Trump contra Moraes, o STF determinou medidas cautelares contra Bolsonaro, entre elas a proibição de usar redes sociais.
Neste domingo (3), Bolsonaro descumpriu a ordem ao se manifestar, por meio do perfil do filho, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), em ato no Rio de Janeiro. O vídeo mostra a frase:
“Boa tarde, Copacabana. Boa tarde, meu Brasil. Um abraço a todos. É pela nossa liberdade. Estamos juntos.”
Por isso, Moraes decretou a prisão domiciliar do ex-presidente.
“A Justiça não permitirá que um réu a faça de tola, achando que ficará impune por ter poder político e econômico. A Justiça é igual para todos. O réu que descumpre deliberadamente as medidas cautelares — pela segunda vez — deve sofrer as consequências legais”, afirmou o ministro.
A defesa de Bolsonaro alegou surpresa com a decisão, prometeu recorrer e afirmou que não houve descumprimento da ordem judicial.
Fonte: Lucas Pordeus León – Repórter da Agência Brasil