Venda Nova do Imigrante sedia evento sobre a Uruçu Capixaba, abelha símbolo das montanhas capixabas
Publicado em 01/07/2025 às 09:56

Fotos: Organização do evento
Centenas de criadores de abelhas nativas, pesquisadores, estudantes e moradores da região se reuniram no último fim de semana, em Venda Nova do Imigrante, para participar do evento Conhecendo a Uruçu Capixaba. A iniciativa celebrou a abelha sem ferrão símbolo das montanhas do Espírito Santo, reconhecida pela produção de mel de alta qualidade, sua importância na polinização da Mata Atlântica e o risco de extinção que enfrenta.
Organizado por pesquisadores da Ufes e da Universidade Federal de Viçosa (UFV), o encontro integra o projeto Uruçu Capixaba: uma estratégia multidisciplinar para conservar a abelha do Espírito Santo. O objetivo é orientar e incentivar a criação da espécie nativa Melipona capixaba, promovendo sua conservação e valorizando a meliponicultura no estado.
O evento aconteceu no campus do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) em Venda Nova do Imigrante e contou com uma programação diversificada: palestras, rodas de conversa, visita técnica ao Meliponário Venda Nova, oficinas de degustação de mel nativo e a inauguração de uma loja de meliprodutos. Entre os temas abordados, estiveram a polinização na agricultura, conservação dos meliponíneos, potencial do mel de terroir capixaba, e os desafios de conciliar criação e preservação da Uruçu Capixaba.
Estiveram presentes o reitor da Ufes, Eustáquio de Castro, e representantes de instituições parceiras como o Ifes, a Embrapa (Cenargen), o Incaper, o Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema), associações de meliponicultores do estado e o Instituto Abelhas Nativas.
“O projeto é essencial para a Universidade e para os pequenos criadores do Espírito Santo que apostam na meliponicultura. A Uruçu Capixaba é um patrimônio natural, pouco conhecido, que habita regiões acima de 800 metros de altitude. É nosso dever protegê-la”, destacou o reitor.

O professor Vander Tosta, do campus da Ufes em São Mateus e coordenador do projeto, explicou que a iniciativa teve início em novembro de 2023, com recursos do edital Funbio – Renova nº 04/2023. Segundo ele, a proposta busca estimular a criação racional da Uruçu Capixaba, agregar valor ao mel e garantir a conservação da espécie.
Na Ufes, o projeto é executado pelo Laboratório de Genética, Evolução e Conservação de Abelhas Nativas (Labelhas), que lidera quatro dos seis objetivos da pesquisa: mapear a área de ocorrência da espécie em parques, reservas e meliponários; montar uma coleção biológica de referência; analisar a contaminação por metais pesados no mel, pólen e geoprópolis; e estudar o genoma e a diversidade genética da abelha. Também estão previstas ações de capacitação de criadores e educação ambiental.
A Uruçu Capixaba vive em altitudes entre 800 e 1.200 metros, em uma área de 354 km² que abrange 12 municípios capixabas. As associações Ame/ES e Amecap/ES, voltadas à criação de abelhas sem ferrão, reúnem atualmente cerca de 300 meliponicultores no estado.
Texto: Thereza Marinho/ Fonte: UFES