Uso de inteligência artificial é apontado como pretexto para ataque de Israel e EUA ao Irã

Publicado em 26/06/2025 às 16:18

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Foto: Freepik

A justificativa apresentada por Israel e Estados Unidos para atacar o Irã — de que o país persa estaria em vias de construir uma bomba atômica — teria sido construída com base em informações geradas por um sistema de inteligência artificial (IA). A afirmação é do major-general português Agostinho Costa, especialista em segurança e geopolítica, em entrevista exclusiva à Agência Brasil.

“É a primeira guerra que podemos dizer ter sido iniciada por uma inteligência artificial”, alertou Costa, que também é ex-vice-presidente da Associação EuroDefese-Portugal.

Segundo ele, a IA utilizada — contratada pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) — concluiu que o Irã reunia condições para fabricar uma arma nuclear. O relatório da AIEA, divulgado em 31 de maio de 2025, embasou essa avaliação com base em tendências e deduções, não em evidências concretas. O documento foi considerado suficiente pelo Conselho de Governadores da agência e serviu de base para o ataque israelense.

Programa Mosaic e influência ocidental

O programa em questão é o Mosaic, uma ferramenta de IA desenvolvida pela empresa americana Palantir, que tem entre seus fundadores o empresário Peter Thiel — apoiador declarado do ex-presidente Donald Trump e mentor político do atual vice-presidente dos EUA, JD Vance. Em 2015, a AIEA firmou um contrato de € 41 milhões com a Palantir para usar o sistema, inicialmente criado para ações de contraterrorismo no Afeganistão.

De acordo com a AIEA, o Mosaic processa grandes volumes de dados e faz previsões, sendo utilizado em diversas áreas da segurança pública e da inteligência global.

Agostinho Costa critica o uso do sistema: “Trata-se de um abuso da inteligência artificial. Esse é um dos riscos do novo mundo.”

O Conselho de Governadores da AIEA, responsável por validar o relatório, é dominado por países ocidentais como Alemanha, França, Reino Unido e Estados Unidos, que apoiaram a avaliação baseada em IA.

Escalada do conflito

O relatório aprovado no dia 6 de junho marcou a primeira vez em duas décadas que a AIEA acusou formalmente o Irã de não cumprir suas obrigações com a fiscalização nuclear. Seis dias depois, Israel lançou ataques contra Teerã.

Em resposta, o parlamento iraniano suspendeu a cooperação com a AIEA, acusando a agência de atuar com motivações políticas. Apesar de afirmar que não há provas de que o Irã esteja desenvolvendo armas nucleares, a AIEA vinha alertando sobre o risco de militarização do programa nuclear do país.

Para o general português, a narrativa de que o Irã estaria prestes a fabricar uma bomba atômica foi apenas um pretexto para justificar a ofensiva militar por parte de Israel e dos EUA.

Programa nuclear iraniano: civil ou militar?

Agostinho Costa reforça que não existem provas de que o Irã esteja construindo armamento nuclear e que o programa atômico do país tem fins civis e pacíficos. Segundo ele, a principal preocupação da AIEA era o enriquecimento de cerca de 400 quilos de urânio a 60%, embora o patamar necessário para uma arma atômica seja de 90%.

Ele também recorda que, em 2021, Israel introduziu vírus nas centrífugas da central nuclear de Natanz, sabotando o sistema iraniano. Em retaliação, o Irã aumentou o nível de enriquecimento, mas sem atingir níveis armamentistas.

Negociações interrompidas

O ataque de Israel ocorreu enquanto Irã e Estados Unidos participavam da sexta rodada de negociações sobre o programa nuclear iraniano, mediadas em Omã. O país islâmico nega qualquer intenção de desenvolver armas nucleares e sustenta que seu programa tem finalidade exclusivamente pacífica.

O relatório da AIEA de 31 de maio de 2025 reforça as preocupações ao destacar que “embora as atividades de enriquecimento não sejam proibidas por si só, o fato de o Irã ser o único Estado sem armas nucleares a produzir e acumular urânio a 60% permanece uma questão de séria preocupação”.

Em março deste ano, a diretora de Inteligência Nacional dos EUA, Tulsi Gabbard, declarou ao Senado que o Irã não estava fabricando armamento nuclear. A declaração, no entanto, foi publicamente questionada pelo próprio presidente norte-americano.

Contradições nucleares

Enquanto os EUA e aliados justificam o ataque contra o Irã com base na suposta ameaça atômica, Israel — que liderou a ofensiva — nunca assinou o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP). Apesar de não confirmar, tampouco nega a posse de armamento nuclear, sendo amplamente reconhecido como a única potência atômica do Oriente Médio.

Fonte: ucas Pordeus León – Repórter da Agência Brasil

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