Tecnologia do bitcoin extrapola finanças e inicia revolução

Publicado em 13/02/2022 às 10:50

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Criptomoeda
Redação 1Bilhão

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Criadas por aficionados da tecnologia no pós-crise global, as criptomoedas saíram do casulo da utopia digital e começam a moldar o mundo real a sua imagem e semelhança. De lojas e até imobiliárias que aceitam pagamentos em moeda virtual às recompensas financeiras em bitcoin, de torcedores que financiam seus clubes comprando criptomoedas à  febre dos NFTs (tokens não fungíveis, na sigla em inglês), a tecnologia está virando fato consumado do cotidiano.

Essas aplicações, porém, são tímidas perto das ambições de criptoentusiastas. Eles veem no blockchain — a arquitetura tecnológica por trás das moedas virtuais — o potencial de transformar radicalmente a economia e até a democracia.

Avaliadas atualmente num total equivalente a R$ 10,2 trilhões, as criptomoedas já são aceitas por mais de 15 mil negócios no mundo, segundo estimativa da fintech americana Fundera. Mas esse é apenas um naco de sua presença no dia a dia — e o fenômeno dos cashbacks em cripto atesta a popularidade da tecnologia, irresistível o bastante para servir de ferramenta de marketing.

No Brasil, usuários do app de pagamento InfinitePay recebem R$ 1 milhão por mês em criptomoedas como cashback quando quitam contas on-line. Já o 99Pay — que ofereceu compra e venda de bitcoin em plena Praia de Ipanema, no Rio, em ação publicitária no fim do ano passado — deu cashback na moeda virtual quando passou a permitir sua negociação na plataforma.

— Os nativos digitais têm interesse por criptomoedas, mas enxergam barreiras. Nosso plano foi democratizar. Além disso, como o preço do bitcoin flutua, ele acaba sendo um motivo para o usuário abrir várias vezes a carteira digital — disse a diretora de marketing da 99Pay, Clarissa Brasil. — O cashback acontece por meio de campanhas. É mais sexy dar bitcoin do que reais.

Embora a construtora Tecnisa aceite bitcoins desde 2014, só agora as criptomoedas estão se tornando mainstream no mercado imobiliário.

A Elite International Realty, corretora fundada por brasileiros em Miami, passa a aceitar moedas digitais neste ano. O clique veio quando o diretor Daniel Ickowicz soube que o empresário Roberto Justus recebeu moedas digitais na venda de um imóvel na cidade americana. Ickowicz procurou a paulistana Unblock Capital, que assessorou Justus na transação, e fechou parceria.

— O cara que comprou bitcoin lá atrás está cansado de ouvir da família que comprou vento. Ele tem ego. Quando ele aparece com um apartamento em Miami comprado com criptomoeda, enxerga valor — diz Ickowicz.

Mais do que as criptomoedas em si, o que agrada seus entusiastas é o blockchain. Ele é um banco de dados que guarda informações — como transações com criptomoedas — de maneira descentralizada.

Em vez de o registro ser operado por uma autoridade central, como uma empresa de cartão de crédito ou um governo, ele é administrado por todos os computadores que estão plugados à rede.

Todos os computadores têm uma cópia dos registros, impedindo adulterações. Isso pode permitir a eliminação de intermediários — cartórios, por exemplo — sem prejuízo da segurança.

Terrenos digitais

É por meio dessa arquitetura que start-ups exploram, no mercado imobiliário, soluções mais sofisticadas que a simples transação em si. Em novembro, a carioca Growth Tech estruturou a venda de um imóvel na planta por meio de blockchain em Minas Gerais.

O comprador pagará R$ 3 milhões em parcelas, mas a incorporadora RKM vai antecipar o valor emitindo criptoativos lastreados no fluxo de mensalidades. O dinheiro viabilizará a construção do empreendimento.

A tecnologia também torna o mercado imobiliário mais etéreo. A nova-iorquina Republic Realm comprou, em novembro, 800 hectares da Atari por US$ 4,3 milhões.

O terreno digital fica numa das áreas mais centrais do Sandbox, um jogo on-line. A transação imobiliária foi a maior já registrada no chamado metaverso, espaço que conecta mundos físico e digital e movimentou US$ 501 milhões em 2021.

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Este ano, a venda de terras que não existem no mundo real deve bater US$ 1 bilhão.

O Sandbox faz parte do fenômeno dos NFTs, que são registros de propriedade para ativos digitais por meio do blockchain. É ele que distingue esse mercado dos gaiatos que vendem terrenos na Lua.

Como as informações registradas nele são imunes à adulteração, é possível provar quem é dono daquele pedacinho do metaverso. O blockchain inviabiliza “grileiros digitais”, portanto. Popular no mercado de arte digital, os NFTs vão valer US$ 35 bilhões este ano, segundo o banco Jefferies.

Internet do futuro

As criptomoedas também invadem o esporte por meio dos fan tokens emitidos por clubes de futebol, que dão aos torcedores a chance de votar em decisões do time ou participar de promoções. Corinthians, Flamengo e Atlético Mineiro já lançaram os seus, e há vários outros na fila. Mas o fenômeno é global.

A corretora Mercado Bitcoin tem participado do lançamento desses tokens em parceria com a Socios, que já fez isso com times como o Paris Saint-Germain.

— O fan token é uma evolução do sócio-torcedor, com a vantagem de ser global. Você pode se beneficiar do token do PSG estando no Brasil, participar da escolha da nova camisa e de mensagens no vestiário do time, por exemplo — conta Reinaldo Rabelo, diretor executivo do Mercado Bitcoin.

O blockchain também dá à luz a internet do futuro. A Helium é uma rede de roteadores que compartilham conexão doméstica. O objetivo é proporcionar cobertura gratuita para objetos conectados, de sensores de iluminação pública a coleiras pet inteligentes. Em troca, quem compartilha sua internet ganha as criptomoedas HNTs, que já valem R$ 17 bilhões no mercado.

Há 560 mil roteadores da Helium no mundo, mas só algumas centenas no Brasil. Uma start-up do Porto Maravilha, no Rio, quer ocupar esse espaço. A Illios acaba de receber US$ 800 mil da gestora Fuse Capital para desenvolver seu próprio roteador e certificá-lo na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

— O plano é ter o roteador pronto este ano e espalhar pelo menos mil pelo Brasil — explica o sócio Lucio Netto.

Democracia participativa

A tecnologia blockchain pode, ainda, aprimorar a democracia, especulam pesquisadores. Um exemplo é o app Mudamos, que recolhe assinaturas para projetos de lei de iniciativa popular. Os apoios são registrados no blockchain, que garante que ninguém pode assinar o documento mais de uma vez e permite a verificação.

O app foi criado pelo Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS-Rio), que tem outro projeto mais radical: usar o blockchain para implementar o “voto quadrático”.

Esse modelo permite ao eleitor dividir suas preferências políticas entre vários candidatos e pune votos polarizados, diminuindo o peso dos que se concentraram numa única opção. No fim de 2021, o ITS-Rio testou a ferramenta na Câmara de Vereadores de Gramado (RS).


Ajudou na escolha das prioridades do ano legislativo e na destinação de emendas. O Tribunal Superior Eleitoral está atento e, no projeto Eleições do Futuro, realizado em 2020, fez testes com blockchain.

— O blockchain tem um potencial disruptivo para a democracia. Ele empodera os cidadãos, é radicalmente aberto à auditoria e elimina intermediários. Em tese, pode ser aplicado a qualquer eleição — diz Ana Carolina Benelli, pesquisadora do ITS-Rio.

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