Supermercados europeus boicotam carne brasileira por relação com desmatamento

Publicado em 16/12/2021 às 20:51

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Supermercados europeus boicotam carne brasileira por relação com desmatamento
Macos Santos/USP Online

Supermercados europeus boicotam carne brasileira por relação com desmatamento

Cinco supermercados europeus, incluindo o Carrefour da Bélgica, e uma fabricante de alimentos anunciaram na última quarta-feira (15) que não vão mais vender carne bovina de origem do Brasil por causa de recentes denúncias que apontam uma relação do produto exportado com o desmatamento de floretas nativas no país, como a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal.

O boicote acontece após uma investigação da  Repórter Brasil e da organização  Mighty Earth, que rastrearam a carne bovina oriunda de rebanhos criados em áreas desmatadas, adquiridos por outras fazendas para a engorda final, enviados ao abate e, depois, vendidos pelas grandes varejistas europeias. Por ter sua origem mascarada, a carne pode chegar até mesmo em indústrias comprometidas em não adquirir gado ligado a este tipo de crime.

Alguns supermercados, como o Sainsbury’s, do Reino Unido, estão suspendendo as compras de carne enlatada do Brasil, enquanto outros, como o Carrefour e o Delhaize, ambos na Bélgica, se comprometeram a não mais vender salgadinhos de charque e outros produtos da marca Jack Link’s, associada à brasileira JBS, muitas vezes, responsável por abater os animais.

Procurada pelo iG ,  a JBS afirmou que “não tolera desmatamento, trabalho forçado, uso indevido de terras indígenas e unidades de conservação ou violações de embargos ambientais”. A multinacional também informou que têm um relacionamento apenas com seus fornecedores diretos, enquanto as informações das transações dos demais elos da cadeia são protegidas por sigilo.

A Repórter Brasil apurou situações semelhantes relacionadas à cadeia produtiva da Marfrig e da Minerva, duas outras grandes indústrias nacionais com atuação no setor de carnes. Ao iG, a Marfrig disse que “mantém um rígido e definido protocolo de compra de animais, baseado em critérios socioambientais que seus fornecedores diretos precisam atender, além de realizar o monitoramento via satélite e em tempo real na região amazônica há mais de uma década”.

Até o momento da publicação desta reportagem, a Minerva ainda não respondeu aos nossos questionamentos.

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Leia os pronunciamentos das empresas na íntegra

JBS

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“A JBS não tolera desmatamento, trabalho forçado, uso indevido de terras indígenas, unidades de conservação ou violações de embargos ambientais. No Brasil, a Companhia mantém, há mais de 10 anos, um sistema de monitoramento geoespacial que utiliza imagens de satélite para monitorar seus fornecedores em todos os biomas. Esse sistema garante o cumprimento integral da Política de Compra Responsável de Matéria-Prima da empresa e do Protocolo de Monitoramento de Fornecedores de Gado do Ministério Público Federal (Boi na Linha). Até o momento, a JBS bloqueou de forma proativa mais de 14.000 fazendas fornecedoras por não cumprimento de nossas políticas e padrões e continuaremos a tomar ações adicionais conforme necessário. Portanto, todos os produtos expedidos da JBS no Brasil para nossas subsidiárias internacionais e clientes, assim como os produzidos globalmente em nossas instalações de processamento, são feitos seguindo estritamente os protocolos mencionados. O desafio da JBS, assim como da cadeia produtiva da pecuária em geral, é garantir esse mesmo controle sobre os fornecedores de seus fornecedores. Isso porque as empresas de proteínas, como a JBS, têm relacionamento apenas com seus fornecedores diretos, enquanto as informações das transações dos demais elos da cadeia são protegidas por sigilo. Justamente para superar esse desafio setorial e alcançar uma cadeia de suprimentos completamente livre de desmatamento ilegal até 2025, a JBS está realizando grandes investimentos em uma nova plataforma que usa a tecnologia blockchain. A implantação dessa plataforma, até 2025, está dentro do cronograma previsto. Ao nos permitir estender nosso due diligence aos fornecedores de nossos fornecedores, garantiremos os altos padrões da JBS em todos os links de nossa cadeia produtiva.   Em seu relatório, a Repórter Brasil menciona 5 dos 77.000 fornecedores diretos da JBS. Em relação a esses 5 casos, após uma auditoria criteriosa, nossa equipe de sustentabilidade apurou que, no momento da compra, eles estavam de acordo com a Política de Compra Responsável da JBS e com o Protocolo de Monitoramento de Fornecedores de Gado do Ministério Público Federal.”

Marfrig

“A Marfrig esclarece que possui um compromisso público com o combate ao desmatamento no bioma Amazônia desde 2009 — e vem desenvolvendo várias ações concretas nesse sentido. A companhia mantém um rígido e definido protocolo de compra de animais, baseado em critérios socioambientais que seus fornecedores diretos precisam atender, além de realizar o monitoramento via satélite e em tempo real na região amazônica há mais de uma década.

Com o objetivo de monitorar os fornecedores indiretos, em meados de 2020, a companhia lançou o Plano Marfrig Verde+, que visa rastrear 100% da sua cadeia na Amazônia até 2025, e 2030 para os demais biomas. Mais de 60% da cadeia de valor da Marfrig no bioma Amazônia e 47% no bioma Cerrado foram mapeados até agora. Houve ainda regularização e reinclusão de mais de 1.000 fornecedores no cadastro da companhia, entre outros avanços.

Por fim, a Marfrig reconhece seu papel no contexto do desenvolvimento sustentável de suas atividades e reforça que é absolutamente comprometida nos temas socioambientais e no desenvolvimento de soluções que integrem sua cadeia e tragam mais transparência para a sua atuação.”

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