Preço do frango e do porco tende a subir por falta de chuvas no Sul

Publicado em 22/01/2022 às 11:50

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Carne suína
Divulgação/Swift

Carne suína

A onda de calor no sul do país pode levar economistas a rever as projeções de inflação para este ano. Considerada a pior seca em 17 anos, em alguns estados, o fenômeno está prejudicando as colheitas de milho e soja, usados entre outras finalidades na alimentação de aves e suínos. Os problemas na safra de grãos podem impactar o frango, o ovo e o porco, e pressionar os índices de preços dos alimentos. Os alimentos acumulam alta de 7,94% em 12 meses até dezembro, segundo o IBGE, sendo considerado o grupo de maior impacto para o IPCA do mês passado. As chuvas intensas em outros pontos do país já entraram no radar dos economistas também.

De acordo com o economista André Braz, o coordenador de índices de preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV), os fenômenos climáticos extremos, como a seca no Sul e o excesso de chuvas no Sudeste, e seus impactos sobre os preços da comida podem ser mais um fator de risco para inflação deste ano. Para 2022, o mercado projeta uma inflação de 5%, considerando uma alta dos alimentos de somente 4%, o que pode não se confirmar por conta dos efeitos do clima.

No ano passado, em 12 meses, o grupo de aves e ovos registrou alta de 23,55%. Já o frango em pedaços 19,89%, e o frango em pedaços subiu 29,85%. Já a carne de porco registrou redução de 4,65% no preço.

Segundo Braz, a prévia do Índice de Preços ao Produtor Amplo, da FGV, — que registra variações de preços de produtos agropecuários e industriais —, já captou a pressão sobre soja, milho e farelo de soja. Os grãos registravam uma tendência de alta nos preços até dezembro, o que já se inverteu em janeiro.

“O fenômeno “La Niña” pode trazer um desafio a mais para a inflação. A autoridade monetária pode elevar juros para tentar conter a alta de preços, mas não vai controlar o choque de oferta (redução da quantidade de produto disponível no mercado). Os preços mais altos ainda não chegaram na proteína animal, mas o aumento dos custos ao produtor vai acabar sendo repassado para cadeia produtiva. Esses são grãos e culturas de ciclo longo, mesmo que não tenha uma quebra de safra, a expectativa de redução na produção já vai impactar”, explica o economista.

O preço dessas carnes — que no ano passado foram alternativa para muitos brasileiros que fugiam da disparada do custo da carne bovina — deve começar ficar mais caro nos próximos meses devido aos prejuízos nas plantações de milho, soja e farelo de soja. O milho é a principal matéria-prima das rações para aves e suínos e representa 80% do custo do animal.

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“O choque de oferta de alimento in natura não tem impacto na inflação anual. Porque as lavouras se recompõem rápido, mas soja e milho não é assim, desequilibra o preço. Pode começar a chegar para o consumidor final gradualmente. Quanto mais tempo a seca durar e ameaçar a safra para o preço subir. Os preços nas bolsas que movimentam esses produtos já se refletem no mercado. Isso vai se refletir nos preços dos produtos da cesta básica, o pode mudar o jogo da inflação este ano”, alerta ele.

Por enquanto, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA-Esalq/USP), ainda registra queda nos preços do frango e dos suínos. No caso do frango congelado, até o dia 20, a queda acumulada no mês de janeiro era de 7,22%. Já o preço da carcaça suína especial apresentava recuou acumulado no mês de 20,04%.

Mais produtos para outros países

Outro ingrediente que entra nesta equação é o aumento das exportações brasileiras, favorecidas pela desvalorização do real e o estímulo à venda para o exterior. As exportações mundiais de carne de frango para o próximo ano devem registrar um aumento de 2,5%, de acordo com as mais recentes previsões do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), superando a marca de 13 milhões de toneladas.

O Brasil será responsável por mais de um terço do aumento estimado. A crescente demanda da União Europeia, Reino Unido, Leste Asiático e Oriente Médio também deve contribuir para que as exportações brasileiras ganhem força.

“O excesso de demanda se pronuncia com alta de preços no mercado internacional. O câmbio está muito favorável para exportações. No ano passado, houve desabastecimento no mercado interno por causa da comercialização internacional, faltou milho no mercado interno e puxou o preço do milho e soja aqui, tanto que o governo decidiu zerar a alíquota do imposto de importação de milho e soja. Ou seja, já tinha uma inflação ali dentro da cadeia”, observa Marcio Sette Fortes, diretor da Sociedade Nacional de Agricultura do Rio e professor do Ibmec/RJ. 

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