O tribunal do facebook

Publicado em 16/04/2018 às 18:24

Compartilhe

Depois de Nuremberg e de alguns outros, o mais novo tribunal de exceção, agora, é o “Tribunal do Facebook”. Mais perigoso, também. Porque ele pode vitimar quem quer que seja; é aberto à participação de quem quer que seja; e a sentença sempre busca a pena de morte, por apedrejamento virtual. E o pior: ele parece tão “natural” que, muitas vezes, nenhum de nós se dá conta disso, pois ele usa do que, nesses tempos, há de mais presente nas redes sociais: a intolerância.

Para quem não sabe, “tribunal de exceção” é o nome jurídico daqueles tribunais criados para julgar um caso específico. Nuremberg é o exemplo clássico: uma corte feita para julgar, exclusivamente, os carrascos nazistas, dentre 1945 a 1946, presidida pelas quatro grandes potências vencedoras. Tido como o maior exemplo de violação dos Direitos Humanos, o “Tribunal de Nuremberg” promoveu, junto das penas marciais, absolvições, inclusive.

No “Tribunal do Facebook”, no entanto, não há pena de absolvição. Você já entra culpado pelas suas ideias. Ele é velado, chancelado por uma capa de naturalidade: trata-se de uma rede social, gratuita, mero entretenimento. Ela tem seus méritos: ter dado voz aos que não podiam se expressar; visibilidade aos que não conseguiam ser vistos. Mas, ao mesmo tempo, ela fez brotar tudo o que há de pior da natureza humana, como aquela vontade animalesca que temos, todos, de aniquilar nossos inimigos.

Quem nunca levou “pedrada”, então, não atire pedra alguma! Recentemente, uma colega, ao defender que, sim, há estabelecimentos que podem se negar a receber crianças, foi alvo de mais um “apedrejamento virtual”. Houve quem, explicitamente, “pedisse” para que ela se matasse. Interessante que isso é apenas a opinião dela, por mais polêmica. Eu mesmo também já andei tomando umas pedradas por pensar diferente. E olhe que eu ando evitando certos assuntos, em nome da minha paz de espírito!

Somos todos juízes das nossas causas perdidas, ainda que quem pense diferente de mim não seja meu inimigo (e que, pra mim, esquerda e direita estejam mais para sinal de trânsito). Hoje, porém, se não tenho o domínio do corpo físico, posso ter o do moral alheio: ao que parece, as pessoas se sentem “protegidas” pela tela de um computador e se acham no direito de destilar toda sorte de impropérios, em um país cada vez mais polarizado. Arrisco que esse “Tribunal do Facebook” consiga ser ainda pior que o de Nuremberg, pois revela que o lado feio do humano persiste, a despeito de tantos anos de História.

Veja também

pzzb9120

Governo regulamenta lei que restringe uso de celular na escola

Vacinacao-3

Dengue: crianças e adolescentes de 10 a 14 permanecem como público da vacina no Estado

WhatsApp Image 2025-02-14 at 14.15.37 (2)

Iema disponibiliza 16 animais para adoção responsável pelo programa Guardião de Fauna

7dfaa419-d5d0-4fa7-9268-f4a8dbd20dd9

Ministérios da Saúde e Educação iniciam mobilização nas escolas contra as arboviroses

_mg_6438

Nenhum país conseguiu erradicar a desigualdade entre homens e mulheres, afirma a ONU

6782

Países europeus, com Canadá, planejam nova reunião contra parceria entre EUA e Rússia nas negociações sobre a guerra na Ucrânia

1593

Mais de duas mil famílias podem solicitar Tarifa Social de Energia Elétrica em Marechal Floriano e Domingos Martins

25d53bfa-e5e3-4356-9560-0baf9dcd9402

Saúde incorpora vacina para proteger gestantes e bebês do vírus sincicial respiratório