Google perde para o Bitcoin: A cripto já é o sexto ativo mais valioso do mundo
Publicado em 16/05/2025 às 08:00

Foto: Freepik
Quem abriu os terminais de mercado na manhã de 13 de maio se deparou com um feito inédito: o valor de mercado do Bitcoin saltou para $2,06 trilhões de dólares, empurrando a criptomoeda para a 6ª posição no ranking mundial de ativos e deixando a Alphabet/Google uma casa abaixo.
O painel da CompaniesMarketCap mostra o BTC cotado a $103.642 de dólares (cerca de R$535 mil) enquanto o conglomerado de Mountain View registrava $1,95 trilhão de dólares. Isso é uma excelente recuperação, já que, segundo dados do Yahoo Finance, o preço fechou o pregão desta terça em $102.882 de dólares, depois de oscilar mais de mil dólares no intradiário.
O empurrão dos ETFs e a busca do investidor brasileiro pelo Bitcoin
O rali do BTC encontrou um terreno fértil em um ambiente de juros reais negativos em grandes economias, busca por diversificação de tesourarias corporativas e, sobretudo, pela enxurrada de fluxos para fundos negociados em bolsa. No Brasil, o Hashdex Nasdaq Bitcoin ETF já administra mais de $180 milhões de dólares.
Isso reflete a demanda institucional local pela exposição ao ativo digital. Lá fora, análises da Reuters atribuem parte do apetite a dúvidas sobre a “excepcionalidade” dos EUA e à perspectiva de cortes no “libor americano”, o que realça reservas de valor alternativas como o ouro e o próprio Bitcoin.
Superar o Google não significa que o BTC esteja perto do topo. À sua frente seguem Amazon (US$ 2,27 tri), Nvidia (US$ 3,17 tri), Apple (US$ 3,15 tri) e Microsoft (US$ 3,33 tri). No pelotão de elite, o ouro reina absoluto com $21,8 trilhões de dólares. Ainda assim, estar acima da prata, da Saudi Aramco e da Meta mostra que o criptoativo amadureceu como classe de investimento.
Ou seja, deixou de ser visto apenas como “aposta especulativa” na hora de comprar criptomoedas, para competir em pé de igualdade com blue chips globais. No Brasil, 25 milhões de pessoas, cerca de 20,6% da população, já usam Bitcoin como forma de investimento ou meio de pagamento, segundo levantamento da plataforma Plasbit.
Esse avanço coincide com o real em desvalorização de quase 8% no ano e com a expectativa de que a Selic volte a patamares de um dígito em 2025, fatores que reforçam a procura por ativos dolarizados e descorrelacionados do mercado local.
Além disso, os últimos dados mostram que o volume diário negociado em corretoras nacionais dobrou em abril. Chegando a R$7,8 bilhões em picos de liquidez, um salto atribuído à entrada de novos investidores após o Bitcoin cruzar os $90 mil de dólares.
O efeito dominó e as expectativas do setor
Em relação à regulamentação brasileira, desde junho de 2023, o Banco Central atua como supervisor do setor, exigindo segregação patrimonial e procedimentos de prevenção à lavagem de dinheiro. Isso reduz o risco sistêmico, mas torna ainda mais importante práticas rígidas de compliance em exchanges.
Entre as exigências impostas pelo BACEN estão a segregação patrimonial, que obriga as exchanges a manterem os ativos dos clientes separados dos seus próprios recursos, e a implementação de procedimentos rigorosos de prevenção à lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo.
Essas medidas visam aumentar a transparência e a segurança no mercado de criptoativos. Especialistas lembram também que grandes oscilações de preço, o BTC caiu 1,5% após rumores de CPI mais alta nos EUA, antes de retomar os ganhos, podem diluir o efeito de diversificação se a posição for alavancada ou muito concentrada.
Mas, felizmente, os números positivos não se limitam ao Bitcoin. A Ethereum rompeu os $2.300 de dólares pela primeira vez em seis meses e, juntas, as duas maiores criptos respondem por 70% da capitalização global do mercado.
Analistas apontam que a correlação entre BTC e S&P 500 caiu para 0,18 em maio, o nível mais baixo desde 2021, reforçando a tese de que os ativos digitais começam a negociar mais pela própria dinâmica de oferta e demanda do que pelo humor das bolsas tradicionais.
Enquanto isso, estudos da Receita Federal mostram um rápido crescimento nas transações com criptomoedas no país, sobretudo em stablecoins, sinalizando que a infraestrutura para transações, e não apenas o investimento, ganha tração entre brasileiros. Se a tendência de aportes institucionais continuar, e se as autorizações para ETFs de cesta cripto avançarem na SEC americana, há espaço para o Bitcoin desafiar a Amazon ainda em 2025.
Por outro lado, quedas abruptas de liquidez ou regulações mais duras podem recalibrar as cotações rapidamente. Sendo assim, o investidor brasileiro encontra uma combinação de juros em queda, inflação acima da meta e um real mais fraco, fatores que justificam olhar com atenção para a criptoeconomia.