BR-262: a estrada da morte pede socorro

Publicado em 05/09/2017 às 13:29

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“Um resumo do que é dirigir pela BR-262? É correr perigo o tempo todo”. As palavras são de quem entende do assunto. Motorista de ônibus, Fernando Mendes de Assis faz o trecho entre Vitória e Realeza, em Minas Gerais, há nove anos. Além das curvas acentuadas, os muitos buracos que surgiram na pista é outro grave problema, reclama o motorista, sendo enfático ao afirmar que a rota não é simples.

situacao br 1“A maioria dos acidentes é por estrada ruim. Claro que há imprudência, mas nada que uma faixa dupla não resolva. Na minha opinião, o pior trecho é entre Victor Hugo e Viana, mas é só dar uma olhada perto do trevo de Conceição do Castelo para ver que está cheio de buracos. Além de perigoso, dá muito prejuízo”, conta o caminhoneiro Ronaldo Ambrosim, que já tem 25 anos de estrada e garante: “nos últimos anos, a BR-262 piorou muito. É muito mais trânsito e a pista está cada vez pior”.

E não é difícil constatar o que dizem os profissionais. Em um trecho pequeno, de menos de 20 quilômetros, entre Venda Nova do Imigrante e a entrada para o distrito de Aracê, em Domingos Martins, foi possível contar dezenas de buracos na via. De alguns, é possível desviar, entrando um pouco na via contrária. Em outros casos, a depender do trânsito, não tem jeito: é deixar o carro levar o solavanco e arcar com os prejuízos.

Isso sem contar que uma viagem que duraria uns 15 minutos numa velocidade média, pode durar mais de meia hora, dependendo do fluxo de caminhões em locais onde não é possível uma ultrapassagem segura – o que nem todos levam em conta. Na prática, isso significa que a falta de mão dupla e a irresponsabilidade de alguns motoristas podem colocar em risco outros veículos que trafegam pela via.

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E os números corroboram com o que os motoristas veem na prática. Segundo o Balanço 2016 da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Espírito Santo, somente as BRs 101 e 262 somam mais de 85% das mortes ocorridas nas estradas. As tradicionais causas dos acidentes são excesso de velocidade, ultrapassagem proibida ou forçada e o consumo de álcool, de acordo com o órgão. Nas duas rodovias, há diversos trechos batizados como “curvas da morte”.

Interdição

A falta de cuidado com o entorno da BR também é visível. Na noite deste domingo (3), uma barreira caiu e interditou a pista por várias horas. Um Corolla foi atingido e levado pela lama, mas ninguém ficou ferido. Sorte, a contar com a quantidade de terra e vegetação que ficou espalhada estrada afora.

O motivo da queda do lamaçal foi o rompimento de um cano de irrigação, que atravessa a rodovia pela parte aérea. A água encharcou o solo, que desceu a pedra como um tobogã. Nesta segunda-feira (4), ainda era possível ver fios de água escorrendo no local, apesar de o problema ter sido sanado. E há, ainda, muito solo e matéria orgânica sobre as rochas, o que poderia acarretar um novo deslizamento.

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A Defesa Civil de Domingos Martins, que esteve no local na noite de domingo, ainda não realizou o laudo e, portanto, ainda não aponta responsáveis, caso haja algum. Em nota, a prefeitura da cidade informou que os técnicos estiveram no local e voltarão na manhã desta terça-feira (5), junto com o secretário de Meio Ambiente, fiscais e secretário de Obras, a fim de avaliar as causas do ocorrido.

“A área é de difícil acesso, e o percurso precisa ser feito por dentro da mata. Será averiguada a existência de ligação de água no local, e verificada sua regularidade. O trânsito na rodovia está normal, sendo liberado ainda ontem (domingo, 5), por volta das 21h. Máquinas da prefeitura foram enviadas para realizar a limpeza no local”, finalizou a nota.

Duplicação, quando?

A novela da duplicação da BR-262, que poderia evitar a maior parte dos acidentes e danos aos veículos, remonta a décadas. Prometida, este ano, para ser iniciada entre o fim de julho e início de agosto, ainda não há máquinas na pista. Solicitamos, por e-mail, uma posição do Dnit sobre o início das obras de duplicação da rodovia, mas até o momento o órgão não expediu resposta.

Um pouco de história

A BR-262, ou Rodovia Presidente Costa e Silva, interliga os Estados do Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul, o que a torna uma importante via de escoamento de produção do Centro-Oeste brasileiro.

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O quilômetro zero fica em Vitória, no Espírito Santo. São 195,5 km em solo capixaba, 999,8 km em Minas Gerais, 316,7 km em São Paulo e 783 km no Mato Grosso do Sul. O trecho paulista ainda não é reconhecido, apesar de aparentemente o traçado ser coincidente com o da SP-310 no trecho entre Nhandeara e Ilha Solteira.

Entre Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, e João Monlevade, a BR-262 e a BR-381 se unem, formando uma única rodovia. As informações são da Wikipedia.

Até 1964, no sistema antigo de numeração das rodovias federais, a atual BR-262 era conhecida como BR-31. O asfaltamento do trecho entre Belo Horizonte e Vitória foi concluído em 1968. O trecho entre Campo Grande e Corumbá foi concluído anos depois em 1996.

Em 2009, a BR-262/381 registrou 280 mortes em 9.614 acidentes, 138 pessoas morreram e 2.159 ficaram feridas em 2.975 acidentes somente no percurso entre Belo Horizonte e Governador Valadares.

Em 2010, 17 pessoas morreram em menos de 72 horas, no trecho entre Belo Horizonte e Governador Valadares entre os dias 23 e 25 de junho. Ao todo a BR-262/381 registrou 334 mortes em 9.890 acidentes.

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