Banco Central eleva Selic para 15% ao ano em meio a incertezas econômicas
Publicado em 19/06/2025 às 08:45

Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Mesmo com a recente desaceleração da inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros (Selic) em 0,25 ponto percentual, atingindo 15% ao ano. A medida, anunciada nesta quarta-feira (18), surpreendeu parte do mercado financeiro, que esperava a manutenção da taxa em 14,75% ao ano.
Em comunicado, o Copom sinalizou que deve manter a Selic nesse patamar nas próximas reuniões, mas não descartou novas altas caso a inflação volte a subir. “O comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta para avaliar os impactos acumulados do ajuste já realizado”, destacou o texto. O BC também reafirmou que seguirá vigilante e não hesitará em retomar os aumentos, se necessário.
Essa foi a sétima elevação consecutiva da Selic, que agora está no maior nível desde julho de 2006. De setembro do ano passado até maio deste ano, a taxa subiu em etapas, com altas de 0,25, 0,5 e até 1 ponto percentual.
Inflação ainda preocupa
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para conter a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em maio, o IPCA recuou para 0,26%, acumulando alta de 5,32% em 12 meses – acima do teto da meta contínua de 4,5%.
Desde janeiro, está em vigor o novo regime de metas contínuas de inflação. A meta central permanece em 3%, com faixa de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Com o novo modelo, a avaliação do cumprimento da meta é feita mês a mês, com base na inflação acumulada em 12 meses.
No último Relatório de Inflação, divulgado em março, o Banco Central projetou IPCA de 5,1% para 2025. As estimativas podem ser revistas no próximo relatório, previsto para o fim de junho. Já o boletim Focus, levantamento semanal com analistas do mercado, prevê inflação de 5,25% este ano – quase 1 ponto acima do limite superior da meta.
Efeitos sobre a economia
O aumento dos juros tem impacto direto sobre o crédito e o consumo. Com a Selic mais alta, o financiamento fica mais caro para empresas e consumidores, o que desestimula a produção e ajuda a conter a inflação. Por outro lado, o aperto monetário dificulta a retomada do crescimento econômico.
No Relatório de Inflação mais recente, o BC reduziu a projeção de crescimento do PIB para 2025 de 2,1% para 1,9%. Já o mercado mantém expectativa mais otimista, com previsão de expansão de 2,2%, segundo o boletim Focus.
A taxa Selic também influencia diretamente o rendimento dos títulos públicos e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao mantê-la elevada, o BC busca controlar a demanda e conter pressões inflacionárias. No entanto, para cortar os juros, a autoridade monetária precisa estar segura de que a inflação está sob controle.
Fonte: Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil