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Crônica: “O rei do furo!”

Publicado em 21/06/2023 às 10:38

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Quem nunca deu um furo na vida dê um passo à frente! Tenho uma certa convicção que não teremos ninguém. Esse é um fato do nosso cotidiano, que não deixa nenhum ser vivente passar impune. De pequenos furinhos, aos grandes furões, o vexame é certo, para não cairmos nessa, temos que ficar espertos. Mesmo assim o risco é sempre iminente…

Sou suspeito para falar sobre esse assunto, pois desde criança já dava minhas mancadas, e depois de casado, como minha esposa sempre diz: “Você é o Rei do Furo!”. Confesso que é um reinado que não gostaria de ter, mas infelizmente tenho que concordar com ela.

Lembro-me de um verão, no mesmo ano em que o cantor e compositor cearense, chamado Ednardo, lançou seu grande sucesso musical, “Pavão Mysteriozo”, no álbum “O Romance do Pavão Mysteriozo”. E foi justamente o mistério que aguçou a minha mente.

Estávamos na Praia de Camburi – localizada na zona norte de Vitória, sendo a única praia em área continental da cidade -, minha irmã, meu irmão, uma amiga da minha irmã – que passava férias em sua casa, pois vivia no interior de Minas Gerais -, e eu. Depois de banhos de mar, sol, bronzeadores e muitos picolés, era chegada a hora de irmos embora. A amiga da minha irmã estava penteando os cabelos, quando eu, com apenas oito anos de idade, vi um caminho de pelos que ia do seu umbigo até o início do biquini, achei aquilo interessante, mas eis que de repente, eu inocentemente abaixo a calcinha da moça e exclamo: “Ué tem cabelo?”. Ela toda vermelha, e super envergonhada me repreendeu na mesma hora, minha irmã brigou comigo, e meu irmão caiu na gargalhada, sendo ele o que mais aproveitou dessa cena, pois é cinco anos mais velho do eu, então já tinha seus treze, e sabia muito bem do que se tratava…

Nessa mesma época, enquanto brincava com meus amigos na rua, ficava atento, escutando as conversas dos adultos, tinha uma vizinha bonita, casada com um homem mais velho, que as más línguas diziam que ela o traia. Certa vez ele fez uma cirurgia na orelha, e ficou com a cabeça enfaixada. Foi o bastante para atiçar a vizinhança. E eu quando o encontrei repeti a frase que ouvia sempre: — “Xiii, Elomar, foram cortar seu chifre, mas cortaram sua orelha né?”

Começava aí a minha sina de furos, que dura até hoje em dia. Só não darei mais furos se ficar calado, como é impossível, seguirei vivendo assim.

Meus furos mais comuns são quase diários, é só eu falar mal de uma pessoa, que ela está atrás de mim, ou chega justamente na hora do desfecho, quando as palavras já saíram da minha boca, e todos nós sabemos, que depois que saem não voltam mais. E é pior tentar remendar, uma vez dito, o jeito é disfarçar e sair de fininho.

No meu tempo de namoro, uma amiga da minha esposa, me solicitou que respondesse seu “caderno de perguntas e respostas”, muito usado na adolescência. Eu ainda não a conhecia totalmente, e quando fui responder quais as profissões que não queria ser na vida, de pronto, respondi: “Barbeiro e doceira”. Barbeiro por não saber nada de cortes de cabelo, e doceira, porque iria comer tudo o que produzisse. De imediato, ela me respondeu: “Meu pai é barbeiro, e minha mãe é doceira”. Só não fiz um buraco no chão e enfiei a cabeça, porque estávamos na varanda da casa da minha namorada. Anos depois, eu e essa mesma amiga, quase fomos expulsos de um velório, porque não podíamos olhar um para a cara do outro, que sem motivo nenhum começávamos a gargalhar, não havia nada de engraçado na situação, era muito triste por sinal. Mas não sei o que aconteceu conosco naquele dia.

Na década de mil novecentos e noventa, quando morei em São Paulo, capital. Trabalhava num grande grupo empresarial na área de comércio exterior. E numa das células de negócios havia um senhor com o sobrenome “Labanha”, que se assemelha com uma comida que gosto muito, lasanha. Pelos bastidores era assim que eu o chamava, “Lasanha”, porém, ele nunca soube disso. Até que um dia, eu fui cumprimentá-lo quando chegava ao escritório, disse: “Fala, Lasanha”. Ele então calmamente, segurou meu ombro e disse: “Eu vou te desculpar, porque você falou despretensiosamente, mas meu nome é Labanha! Desse dia em diante nunca mais o chamei pelo apelido. Falar em apelidos, essa é uma forma que eu costumo chamar os meus poucos amigos, e aos colegas de escola, ou de trabalho, é uma maneira própria que só eu consigo identificar, acho que isso é coisa de doido, mas isso é assunto para outra crônica. Voltemos ao tema principal, o furo, popularmente conhecido como o engano, a falha desconcertante.

Hoje, quase idoso, faltando dois anos para me tornar um sexagenário, estou trocando os nomes das pessoas, e o pior é que não falo uma única vez, a pessoa por educação não me corrige, até que alguém me dá um toque, esse aí é fulano, não é sicrano…

Agora lascou de vez, dando furo e esquecendo os nomes, vai virar uma confusão só. Sendo assim, em breve terei novas histórias para contar! Vida que segue, e os furos também…

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