Arte de ficar em silêncio

O silêncio traz consigo a sensação de isolamento, um isolamento menor do que aquele que partilhamos ao contato com nossos pares. As pessoas não escutam umas as outras, são apenas fluxos de pensamentos em um mesmo espaço físico. 

As razões para isso são de ordens diversas, seja por egoísmo, seja por medo do outro ou simplesmente a linguagem tem um significado peculiar a cada um de nós.

As palavras possuem um sentido idiossincrático, escreve Wittgenstein: “Aos objetos só posso dar nomes. Os sinais são seus mandatários. Só posso falar deles, não posso exprimi-los. Uma proposição só pode dizer como uma coisa é, não o que não é.” Ou seja, existe sempre um hiato entre o que é dito e o que é compreendido.

Diuturnamente nos deparamos com notícias e linchamentos virtuais por declarações mal interpretadas e julgadas sempre a desfavor do emitente, muitas vezes incauto sobre os limites da linguagem.

Prossegue o filósofo Wittgenstein: “A linguagem mascara o pensamento. E tanto assim que da forma  exterior da roupa não se pode produzir a forma do pensamento mascarado; porque a forma exterior da roupa é concebida não para deixar conhecer a forma do corpo, mas para fins inteiramente diferentes (Tractatus, 4.002.).

Por tudo isso, entenda que às vezes o melhor caminho é ficar em silêncio ao invés de digladiar-se com pessoas surdas às emoções alheias.

Este espaço é dedicado a todos os escritores, fotógrafos, pintores, escultores e artistas da região das montanhas capixabas.
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